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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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'Mini lockdown' não freia avanço da Covid-19 e média móvel de óbitos cresce 103,8% em MT em 14 dias

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

'Mini lockdown' não freia avanço da Covid-19 e média móvel de óbitos cresce 103,8% em MT em 14 dias
Diante do colapso no sistema de saúde, a média móvel de óbitos e casos confirmados para o novo coronavírus segue em ritmo crescente em Mato Grosso, com aumento de, respectivamente, 103,8% e 17,5% em relação ao mesmo número de duas semanas atrás. Apenas durante os três primeiros meses do ano, o número total de óbitos e casos equivalem a, respectivamente, 42,8% e 52,7% do total registrado em 2020. Especialista aponta que o aumento revela insuficiência do decreto do governador Mauro Mendes (DEM), que desde o dia 3 de março restringiu parcialmente o horário do comércio e determinou toque de recolher entre as 21h da noite e 5h da manhã.


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Levantamento feito pelo Olhar Direto, com base nos números publicados pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), aponta que, nesta segunda-feira (15), o estado atingiu a média móvel de aproximadamente 53 óbitos em decorrência da Covid-19, um aumento de 103,8% em comparação com 14 dias atrás (1º de março), quando o valor era de aproximadamente 26. Apenas nas últimas 24h, 86 pessoas morreram vítimas do novo coronavírus, maior número desde o começo da pandemia.

Em relação ao número de casos confirmados, a média móvel ficou em 1.625 - número recorde -, o que resultou em uma elevação de 17,5% na quantidade média de casos registrados em relação a 14 dias atrás, que era de 1.383. O ritmo de crescimento dos casos confirmados é menor quando comparamos com a curva de óbitos, mas a tendência também é de aumento. 

Feito para acompanhar o avanço da curva epidemiológica, o cálculo da média móvel consiste na soma do último registro com os seis números anteriores, dividido por sete.

A equação, que possibilita a filtragem dos dados e a remoção da tendência de oscilação que dificulta a percepção da evolução real dos óbitos e infecções, é a forma mais confiável recomendada por pesquisadores para acompanhar os dados sobre a pandemia.

Para Márcia Hueb, infectologista e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o aumento acelerado observado nos últimos 14 dias na média móvel de óbitos, 103,8%, acontece porque as mortes representam os dados objetivos da pandemia.

Segundo a pesquisadora, isso acontece porque todos aqueles que morrem com diagnóstico positivo para Covid-19, automaticamente são inseridos nas estatísticas, diferente do registro dos casos, que muitas vezes sequer são confirmados. 

“Potencialmente, nós registramos todos, ou quase todos, os óbitos que tem como suspeita ou como confirmação a Covid. Já os casos, nós temos que ter clareza que, mesmo com essa curva tão crescente de casos, eles representam apenas aqueles que foram confirmados porque procuraram uma assistência de saúde e porque foi feito exame neles que confirma a presença do vírus. Ou seja, muitos casos não são diagnosticados e não estão nestas estatísticas, já os óbitos são, realmente, um retrato mais fiel”, explica.

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Primeiros meses do ano equivalem a cerca de 50% de casos e óbitos de 2020

Outro fator preocupante apontado por Hueb se refere ao ritmo acelerado da pandemia em Mato Grosso, que culmina na explosão dos casos durante a segunda onda. Apenas nestes três primeiros meses, o número total de óbitos e casos equivalem a, respectivamente, 42,8% e 52,7% do total registrado durante todo o ano de 2020.

“Nós observamos que atualmente nós temos uma curva muito acelerada de casos e óbitos, o crescimento é bastante acelerado. As duas curvas, as duas tendências são muito claras, de crescimento muito mais rápido, do acréscimo diário de casos e de óbitos”, enfatiza.

De acordo com Márcia, apesar da realidade ter a influência de diversos fatores, o relaxamento quanto às medidas que poderiam reduzir a transmissão do vírus foi determinante para o quadro que Mato Grosso vive hoje. Ela ainda cita episódio festivos como o Carnaval que este ano, embora tenham sido proibido por decreto estadual, foi cenário de aglomerações. 

“A gente observa que desde a eleição, desde as festas de final do ano, agora mais recentemente o que seria o período do carnaval, todos esses períodos contribuíram muito porque houve uma aglomeração maior de pessoas. Mas mesmo fora dessas situações de grande aglomeração e que são extremamente preocupantes, o dia a dia nos mostra que as pessoas estão muito menos protegidas, muito menos preocupadas com as medidas de distanciamento e as medidas todas que as protegeriam de infecções. A gente não vê as pessoas tão preocupadas em sair de casa”, comenta.

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Decreto estadual é brando e insuficiente

Nesta terça-feira (16), Mato Grosso completa duas semanas cumprindo o decreto estadual que, entre outras medidas, restringiu parcialmente o horário do comércio e determinou toque de recolher entre as 21h da noite e 5h da manhã. As medidas são impositivas para todo o estado e deveriam valer por apenas 15 dias, no entanto, com a escalada crescente da curva da pandemia e a lotação das UTIs, o governador Mauro Mendes (DEM) decidiu, na manhã de hoje (16),  prorrogá-las até o dia 4 de abril.

Para Márcia, apesar das medidas de restrição serem úteis para o momento que o estado atravessa, elas acontecem tarde. Segundo a infectologista, o decreto é brando e deveria ter sido executado no momento em que a subida de casos foi percebida, não em uma situação de colapso como a que Mato Grosso enfrenta agora. 

“Restringir horários noturnos, ter toque de recolher, ter limite para funcionamento de comércio, proibição de festas, tudo isso é muito bem vindo mas não é suficiente. Nós deveríamos estar com essas medidas ativadas quando do início da subida dos casos. Nesse momento que nós estamos em um verdadeiro colapso nos serviços de saúde, as pessoas não encontram vaga quando precisam, as medidas de restrição precisam ser mais rígidas”, esclarece.

Hueb explica que a situação crítica demanda medidas muito mais rígidas, como por exemplo a determinação de quarentena total, também conhecida popularmente como lockdown, que até hoje, mesmo com UTIs lotadas, não foi adotada em Mato Grosso. Ela ainda enfatiza que a medida se torna  urgente agora porque em outros momentos, quando foi necessária, ela não foi adotada.

“Nós estamos dizendo sempre que estamos cansados dessas medidas de isolamento, mas na verdade nós nunca tivemos medidas restritivas mais rígidas. Estudos no mundo inteiro mostram que quando há de fato um lockdown você consegue bloquear a transmissão. É complicado, mas para a economia talvez seja melhor do que essas pequenas restrições que no fundo acabam não funcionando”.

Casos das úlltimas 24h e leitos de UTI

Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde Mato Grosso (SES-MT), divulgado na tarde de ontem (15), Mato Grosso chegou a 6.456 mortes por covid-19 nesta pandemia, com o registro recorde, em 24 horas, de 86 óbitos causados pela doença. De acordo com a pasta, com os novos 2.556 casos confirmados de covid-19 o estado chegou a 274.788 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus até o momento.

Na tarde desta segunda-feira (16), após ter colapsado no último dia 6 de março com a taxa de ocupação total dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em 99,60%, Mato Grosso ainda apresenta 97,2% de lotação das UTIs adultas, com 13 dos 21 hospitais operando em sua capacidade máxima de atendimento e outros 9 na casa dos 80% e 98%. A taxa de ocupação total, que inclui leitos pediátricos e neonatal, é de 98,2%. De acordo com os dados do painel de monitoramento da Covid-19 da SES-MT, do total de 501 leitos públicos para o tratamento da doença, 492 estão ocupados, 4 vagos e 5 bloqueados, conforme atualização das 15h.
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