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Meu negócio

Saída de Mendes do PR simboliza esvaziamento da sigla em MT

05 Out 2009 - 13:29

Da Redação - Marcos Coutinho e Thalita Araújo

Embora os últimos julgamentos da Justiça Eleitoral tenham bafejado nas costas dos políticos "infiéis", a decisão do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Mauro Mendes, em deixar o PR e migrar de mala e cuia para o PSB, pode ser considerada um gesto simbólico muito forte para o começo do esvaziamento da agremiação republicana.


E muitos líderes da própria sigla sabiam disso, mas nada fizeram ou puderam fazer para evitar um cenário que promete ser adverso para o PR. Em tese, o partido sofre do mal da 'falta de perspectiva e da falta de expectativa de poder', o que em política pode custar caro para qualquer administrador e para toda e qualquer legenda. Aliás, em política existe uma relação custo-benefício que sempre será cobrada dos comandantes de plantão. E Mendes foi o primeiro a cobrar essa relação de forma clara. Muitos preferem se manter no anonimato a provocar discussões ou cobranças legítimas.

E, mais do que nunca, na atual conjuntura essa cobrança urge no grupo político de Blairo Maggi.

Só pra refrescar a memória dos incautos, o poeta João Bosco, em seu samba "Plataforma" (veja a letra no final do texto), evidencia,  mesmo que nas entrelinhas,  o quanto um "bloco político" fica à deriva e, sobretudo, com muitos de se comportam diante da falta de um comando.

Não põe corda no meu bloco
Nem vem com teu carro chefe
Não dá ordem ao pessoal
Não traz lema nem divisa que a gente não precisa
Que organizem nosso carnaval
Não sou candidato a nada, meu negócio é madrugada
(ou batucada, na segunda parte da música)
Mas meu coração não se conforma
O meu peito é do contra e por isso mete bronca
Nesse samba plataforma
Por um bloco que derrube esse coreto
Por passistas à vontade, que não dancem o minueto
Por um bloco sem bandeira ou fingimento
Que balance e abagunce o desfile e o julgamento
Por um bloco que aumente o movimento
Que sacuda e arrebente o cordão de isolamento
Não põe no meu 

Pois bem, sublinhamos algumas estrofes (propositalmente) para revelar que em política a lógica é outra. Realmente, o negócio do governador Blairo Maggi não é madrugada; é simplesmente negócio. Para Maggi, negócio é negócio, e política é política. Mas, para muitos, política é negócio, e negócio é política. Muitos se confundem e muito se perde. Todo mundo sabe e sabia disso, mas o anseio popular contra o status quo do grupo comandado por Dante de Oliveira falou mais alto em 2002 e Maggi entrou para a política, numa disputa pelo tudo ou nada.

E Maggi, com ou sem quebra de paradigmas, pôde e pode bater no peito e exclamar Veni, vidi, vici (Vim, vi, venci). Entretanto, nada que o obrigue a ficar ou ser candidato a nada. Seu compromisso foi cumprido em grande parte e até superado, em muitos setores, todas as expectativas. Contudo, é sempre bom lembrar, "que um copo vazio sempre está cheio de ar". E em política não há vácuo. 

Metáforas à parte, porém, foi o próprio governador quem deu o primeiro sinal para que a esqualidez republicana avançasse quando anunciou, prematuramente, que não seria candidato a nada em 2010. Em ritmo de "não ser candidato a nada e que é negócio é batucada", o PR pode sofrer de uma doença mais fatal ainda: o esvaziamento pleno mesmo estando no comando ou no centro do poder. Em verdade, muitos corações republicanos "não se conformam e nem conformar-se-ão" diante desse quadro surreal em termos políticos.

A saída de Mendes não deve ser muito bem digerida por Blairo Maggi. Há alguns dias, questionado pela imprensa sobre as declarações inesperadas do empresário acerca de uma possível mudança partidária, o governador foi enfático ao dizer que isso não aconteceria. E mais, disparou que se Mendes tivesse comentado algo do tipo, é porque queria “aparecer”.

E, de repente, Mendes talvez queira mesmo aparecer, queira mais espaço e deseje uma disputa mais ampla, como apelo pelo cargo de governador do Estado. No PR, a decisão é apoiar o peemedebista Silval Barbosa que, apesar de pouco a pouco crescer em pesquisas, parece não convencer nem mesmo o próprio arco de alianças de que uma vitória sua é possível.

Mendes sentiu a força e a vibração de uma campanha disputadíssima no ano passado, quando chegou ao segundo turno com o já prefeito Wilson Santos. Um novato na política, que enfrentou a máquina administrativa municipal e um experiente tucano e quase saiu exitoso plenamente. Talvez Mendes tenha acreditado que o “fenômeno Maggi” pudesse se repetir, mas não, pelo menos na ocasião. E 2010 poderá ser o próximo round, pelo menos para ele.

O PR

O PR foi fundado em outubro de 2006, da fusão do Partido Liberal (PL) e do Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona). Nele estão filados políticos importantes como o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, o governador do estado do Mato Grosso Blairo Maggi e o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), Luis Antônio Pagot.

Primeira atualização às 15h05
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