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Domingo, 28 de abril de 2024

Notícias | Cultura

Mostra Novas Lentes revela mitos e rituais de culturas indígenas

Uma das principais novidades do 16º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (05 a 11 de outubro) é a mostra “Novas Lentes do Cinema mato-grossense”, que reúne vídeos produzidos por realizadores indígenas. A categoria, que foi criada neste ano, exibirá dois importantes trabalhos. Trata-se de “Cheiro de Pequi” (36’), de Maricá Kuikuro; e “Darini – Iniciação Espiritual Xavante” (46’), de Caimi Waiassé e Jorge Porotodi.


O primeiro, um vídeo experimental entre ficção e documentário, mostra a festa do “Pequi”, da etnia Kuikuro, que possui mais de 600 pessoas, divididas em três aldeias localizadas no Alto Xingu (MT). Além da festa, o filme aborda o mito de origem do Pé de Pequi, que tem como personagens principais Marika, suas duas mulheres a cotia e o jacaré.

Segundo o realizador, Maricá Kuikuro, o personagem mítico Marika tinha duas mulheres, que o traiam com o jacaré transformado-se em um homem bonito. Até que durante uma caça, Marika ía flechar a cotia. E ela, para não ser morta, revelou-lhe tudo sobre a traição de suas mulheres com o jacaré. Desta forma, Marika fica de tocaia no local onde o jacaré costumava se encontrar com suas mulheres. Ali pega o bicho em flagrante com as duas e o flecha, mata e enterra. É do local onde foi enterrado o jacaré, que nasce o pé de pequi.

“A idéia de fazer o filme surgiu na própria aldeia, pelos mais velhos, meu tio e pai. Estou orgulhoso, feliz e satisfeito, pois é uma oportunidade de retratar minha comunidade para outras pessoas não indígenas, que poderão ver a nossa cultura, porque, durante a festa, temos muitos cantos, danças e poesias”, observa Maricá, lembrando que a obra já foi exibida em outros locais como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.

Mais índios - Já “Darini – Iniciação Espiritual Xavante” retrata o ritual de mesmo nome que ocorre somente de 15 em 15 anos, ocasião, quando as crianças aprendem, pela primeira vez, a importância de sua cultura, por meio de músicas e danças, repetidas diariamente durante um mês. Assim, os Xavante acreditam que fortalecem tanto o seu físico quanto o seu espírito. Vale lembrar, que a obra foi realizada pelos jovens, porém, atendendo a um pedido dos anciãos da aldeia onde vivem.

Oportunidade - Conforme explica o curador do Festival, Luiz Carlos de Oliveira Borges, em que pese a crise que se abateu sobre a produção audiovisual mato-grossense, uma nova onda surge de filmes produzidos por realizadores das aldeias do Estado. De acordo com ele, a maior parte dos trabalhos reveladores das diferentes etnias indígenas, foi estimulada pelo precursor trabalho do vídeomaker francês, Vincent Carelli, da Organização Não Governamental Vídeo nas Aldeias.

“Os filmes têm em comum o profundo domínio tecnológico do equipamento audiovisual e a investigação espetacular sobre suas próprias culturais, por meio dos mitos e rituais. Assim, o Festival de Cinema, como maior vitrine da produção local, não poderia deixar de prestigiar essas iniciativas inovadoras”, finaliza Borges.
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