O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), disse nesta terça-feira que acatou a decisão da comissão de sindicância da Casa que recomendou a demissão do ex-diretor João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos). A decisão final sobre a exoneração de Zoghbi, porém, é do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP) --que vai receber na quinta-feira o relatório com a sugestão de afastamento do servidor.
"Estou levando ao presidente Sarney esse resultado na quinta-feira acatando a decisão da comissão e ao presidente cabe, então, a decisão final", afirmou Heráclito.
O primeiro-secretário tem 20 dias para encaminhar a decisão ao presidente do Senado, mas prometeu apresentá-la nesta quinta-feira, durante reunião da Mesa Diretora da Casa.
"Eu acredito que o presidente consulte a Mesa apesar de poder tomar a decisão sozinho", afirmou o secretário.
Questionado nesta terça-feira sobre a recomendação da comissão em relação a Zoghbi, Sarney desconversou. "Não conheço o mérito. A competência segue os trâmites legais", afirmou.
Reportagem da Folha publicada nesta terça-feira afirma que a comissão de sindicância que investigou as denúncias contra Zoghbi pediu a demissão dele a bem do serviço público. O relatório, segundo a Folha apurou, foi entregue na sexta ao primeiro-secretário. O processo foi conduzido por comissão formada por três servidores do Senado.
Em maio, Zoghbi foi acusado de usar o cargo para beneficiar a empresa do filho que operava com empréstimo consignado do Senado. Diretor por oito anos, ele controlava a folha de pagamento de R$ 2,1 bilhões.
Segundo a revista "Época", o ex-diretor colocou uma ex-babá como sócia majoritária da Contact Assessoria de Crédito. Na verdade, a empresa era de Marcelo Zoghbi, filho do ex-diretor. Apenas por conta de operações de empréstimos entre funcionário do Senado e o Banco Cruzeiro do Sul, a empresa faturou R$ 2,2 milhões.
O caso também foi investigado pela Polícia Federal. Em agosto, Zoghbi foi indiciado sob acusação de ter cometido três crimes: concussão (extorsão praticada por funcionário público), inserção de dados falsos em sistemas de informação e formação de quadrilha.