Olhar Direto

Terça-feira, 14 de maio de 2024

Notícias | Mundo

Juanita Castro pede que seu irmão Raúl lidere transição democrática em Cuba

Juanita Castro pediu a seu irmão Raúl Castro, presidente de Cuba, que empreenda uma transição para a democracia na ilha, já que, depois de 50 anos de regime comunista, está provado que "o processo é um fracasso", segundo uma entrevista concedida hoje à Agência Efe.


"Tomara que (Raúl) seja o instrumento para que se produza a transição em Cuba. Talvez ele seja a pessoa indicada para conseguir que em Cuba haja liberdade, democracia, que não existam mais presos políticos. Não podem seguir eternamente no poder", disse a irmã mais nova de Fidel e Raúl Castro.

Pequena e vestida de maneira elegante, Juanita comentou que essa mensagem também está incluída em seu livro de memórias "Fidel e Raúl, Meus Irmãos: A História Secreta" publicado pela editora Santillana e escrito em colaboração com a jornalista mexicana María Antonieta Collins.

Desde que Fidel adoeceu, em 2006, a exilada de 76 anos pede a seu irmão Raúl, que assumiu o poder, que lidere o processo de mudanças na ilha caribenha, tão esperado por ela.

"Foi um poder de violência, de ditadura, do pior que se pode fazer a um povo. Fracassaram, não podem seguir", enfatizou Juanita, que mora em Miami, centro do exílio cubano nos Estados Unidos.

Juanita e Raúl tinham excelentes relações até que ela decidiu publicamente se opor ao regime.

A irmã de Raúl e Fidel concedeu várias entrevistas hoje, já que seu livro de memórias começará a ser vendido nesta semana.

Lembrou que o exílio cubano a atacou "forte demais" quando chegou a Miami em outubro de 1964, uma atitude que qualificou de injusta, já que estavam do mesmo lado: "condenando o regime marxista".

"Esse tratamento não foi justo. Atualmente alguns gostam de mim, outros me odeiam. Aqui há muitos infiltrados do regime comunista que tratam de me prejudicar. Esses elementos causam muitos danos à causa de Cuba e, desta forma, jamais alcançaremos a liberdade", ressaltou.

Juanita, que até sua aposentadoria foi proprietária de uma farmácia no sudoeste de Miami, disse à Efe que era apaixonada pela revolução liderada por seus irmãos, mas quando eles traíram os ideais democráticos, enfrentou uma difícil decisão: o silêncio, ou unir-se à CIA (agência de inteligência americana) para lutar contra o regime. Optou pelo segundo.

"Não foi fácil, mas frente a tanta injustiça também não foi difícil. Era consciente de que a ruptura familiar seria forte, violenta. Tinha que escolher: ou me resignava e aceitava ver tudo o que estava acontecendo ou atuava e optava pelo último", disse.

Juanita conta detalhes de sua colaboração com a CIA no livro.

Sua atividade consistiu em esconder as pessoas que o Governo de seus irmãos perseguia, transmitir mensagens a outros colaboradores da CIA dentro da ilha caribenha e transferir armas em seu veículo a lugares sobre os quais o poderoso serviço de Inteligência cubano não tinha suspeitas.

Antes de seus contatos com a CIA, Juanita realizava por conta própria trabalhos contra o Governo castrista, após perceber que seus irmãos estavam traindo o que tinham prometido: "pão com liberdade, pão sem terror, uma verdadeira democracia, justiça social", segundo ela.

"Terminou sendo o contrário, eles decidiram tomar o caminho do comunismo, do marxismo. O povo cubano nunca apoiou uma revolução comunista, lutou por mudanças democráticas", disse à Efe.

Juanita lembrou que lutou muito pela revolução cubana, que triunfou no dia 1º de janeiro de 1959, mas pouco tempo depois da vitória se sentiu "decepcionada" pelo rumo que o processo tomou, com medidas radicais como os fuzilamentos.

"O primeiro que começou a tomar medidas radicais foi Che Guevara, ao encarregar-se da guarnição La Cabaña. Ali começaram a fazer juízos sumaríssimos, bom, não eram juízos, porque determinavam quem seria condenado à morte sem investigarem o que tinham feito", comentou.

A irmã dos Castro afirmou que gradualmente se deu conta do que acontecia e que "isto determinou minha atitude e posição. Já no início de 1960 estava muito preocupada".

"O caminho que eles tomaram (Fidel e Raúl), muito diferente do que ofereceram, foi o que determinou que nossas relações como irmãos fossem rompidas", disse.

Em 1961, se tornou a agente Donna da CIA dentro de Cuba, um decisão que assegurou ter tomado sem remorso.

No livro, se pergunta se tem remorso por ter traído Fidel ao aceitar reunir-se com seus inimigos. E a resposta é: "não, por uma simples razão: eu não o traí. Foi ele quem me traiu. Traiu aos milhares que sofremos e brigamos pela revolução que nos ofereceu."
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet