Os correligionários do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e a imprensa chapa-branca italiana atacaram nesta quarta-feira o presidente da Câmara dos
Fini fez os comentários a um promotor, de forma reservada, mas a conversa acabou gravada acidentalmente por um microfone, já que ambos estavam em um ato público. No diálogo, Fini diz que Berlusconi "confunde liderança com monarquia absoluta" e "o consenso popular, que obviamente o legitima como governante, com uma espécie de imunidade diante de qualquer autoridade de garantia ou controle".
Na gravação, Fini também aparece pedindo que as denúncias sobre a suposta colaboração do primeiro-ministro com a máfia continuem sendo investigadas.
Os comentários detonaram uma crise no partido governista, Povo da Liberdade (PDL), ao qual os dois políticos pertencem. O partido foi formado neste ano, depois da fusão entre a Aliança Nacional (AN), de Fini, e o Forza Itália (FI), de Berlusconi.
Os ex-integrantes do FI saíram em defesa de Berlusconi, como o ministro da Cultura, Sandro Bondi, que se disse "desenganado" pelo comportamento de Fini. "O chefe do governo nunca confundiu o consenso que tem no país com uma espécie de imunidade. E desde 1992 é possível observar exatamente o contrário, ou seja, que alguns magistrados tentam dar a volta naqueles que os italianos elegeram nas urnas", disse Bondi.
"Se as declarações de ontem demonstram algo, é que [Fini] tem uma vontade e uma ação diferentes da linha do Povo da Liberdade", disse o ministro de Desenvolvimento Econômico, Claudio Scajola.
Já o jornal "Il Giornale", próximo ao primeiro-ministro, estampou em sua primeira página: "Fini se traiu. Ou se explica ou renuncia".
A ruptura entre Berlusconi e aquele que aparentemente seria seu sucessor parece não ter remendo, sobretudo depois que, na noite de ontem, Fini disse em um programa de TV que não tem nada a esclarecer sobre seus comentários. O PDL exigiu ontem que o presidente da Câmara explicasse o significado de suas palavras e declarasse se concorda com elas.