O líder deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse hoje ontem (27) que sairá de seu país "como cidadão comum" e que voltará "quando houver um processo de reconciliação".

"Eu posso sair como cidadão comum no dia 27, mas enquanto tiver meu mandato dado pelo povo de quatro anos, vou defendê-lo com minha própria integridade e com minha própria vida", ressaltou Zelaya à "Rádio Globo", a partir da embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está desde o setembro.

Em 27 de janeiro, Porfirio Lobo assumirá a Presidência de Honduras, após vencer as eleições de 29 de novembro.

Zelaya confirmou sua viagem na próxima quarta-feira à República Dominicana, depois que Lobo e o governante dominicano, Leonel Fernández, assinassem em 20 de janeiro, em Santo Domingo, um acordo para que o destituído líder possa deixar o país com um salvo-conduto.

"Eu sou um homem pacífico, eu vou sair para Dominicana na quarta-feira, após ter cumprido o mandato (de quatro anos), de ter dado um exemplo, de deixar uma herança limpa aos meus filhos e às novas gerações", indicou Zelaya.

Segundo o governante deposto, o acordo assinado para sua saída do país permitirá que na próxima quarta-feira alguns presidentes da América Central assistam à posse de Lobo, eleito em um pleito que não foi reconhecido pela maior parte da comunidade internacional.

Acrescentou que não se apresentou aos tribunais de Justiça de seu país, desde o retorno em 21 de setembro, porque eles (os juízes) são seus "adversários".

Sobre a retirada na quinta-feira passada da Casa Presidencial do governante de fato, Roberto Micheletti, sem renunciar ao poder, Zelaya disse que "saiu envergonhado pela pressão dos Estados Unidos" e lembrou que ele tinha dito anteriormente que se ia ficar na Casa Presidencial até 27 de janeiro.