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Domingo, 05 de maio de 2024

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Café filosófico: Ideologia e comportamento virtual

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“A consciência é intencionalidade” – dizia Husserl. A intencionalidade comporta o sentido de vontade, de querer, de dirigir-se para, de visar algo. Mas qual seria a relação entre ideologia e o comportamento virtual no século XXI?

A fenomenologia foi difundida na Europa pela filosofia existencialista de Sartre, cuja geração seguinte utilizou recursos da psicanálise, da antropologia, da sociologia e do marxismo. Questões acerca da fenomenologia foram postas a fim de descrever o pós-modernismo.

A intenção e a ideologia são termos que não fazem parte do mesmo plano etimológico, pois intenção vem do verbo latino intendere (exercer vigilância) e a palavra intenção, surge no século XII; já o vocábulo ideologia surge no grego com “Idea” e foi criado em 1796 por G.L. Destutt de Tracy e surge no português apenas em 1842. Portanto, intenção e ideia são termos abstratos, pois dependendo da área humanística, o vocábulo assume uma nova carga semântica.

Com o advento da Análise do Discurso Francesa, o conceito de ideologia tem sido estudado e Chauí (1980), grande filosofa brasileira, partindo de uma vertente marxista, afirma: “A aparência social não é algo falso ou errado, mas é o modo como o processo social aparece para a consciência direta dos homens. Isto significa que uma ideologia sempre possui uma base real, só que essa base está de ponta-cabeça, é a aparência social”.

A aparência social está ligada intrinsicamente a ideologia, e com isso, através da intencionalidade se dá o processo de “fenomenologização”.

Quando qualquer sujeito expõe suas idéias, pensamentos ou discursos ocorre apenas um fenômeno psíquico individual o que difere de pensamento como conteúdo. Pensar como conteúdo é analisar a essência e não a existência; pois, pare Husserl, pensar é, antes de tudo, pensar a essência.

Uma definição cabível a essa busca incessante pelo confessionário midiático é “... da mesma maneira que aprendemos sobre o mundo observando fenômenos externos, aprendemos sobre nós mesmos por meio dos outros. A única forma de observarmos os resultados das nossas emoções e pensamentos é através das respostas das outras pessoas” CHALITA (2004).

Em suma, me indago se ocorre realmente um questionamento sobre a essência, pois é mais fácil “viver” duas “realidades” repletas de ideias e discursos proferidos por outros que nem mesmo são conteúdistas e sim, psíquicos.

Por favor, busquemos a essência das coisas!

*Jefferson Almeida é professor de línguas estrangeiras, estudante de letras da UFMT e membro do grupo de pesquisa “História do português brasileiro” da USP/UFMT. É amante de literatura, têm 24 anos e fala seis línguas.

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