Após lançar um disco de estreia que foi direto para o primeiro lugar em vendas, Anitta falou ao G1 sobre seus desejos para a carreira que começa a deslanchar: até onde a cantora de 20 anos quer chegar? "Minha ideia é fazer espetáculos visuais, sempre foi meu sonho. Viajar com estruturas absurdamente grandes. Promover espetáculos", ela diz em entrevista em vídeo. "Quero fazer uma coisa que nunca ninguém fez no Brasil. Porque o brasileiro tem muito isso de idolatrar o que é de fora, e o que é nosso ele fica meio murcho", diz a carioca de Honório Gurgel, Zona Norte do Rio. "Se for impossível, morro na praia, mas não deixo de tentar."

'Brincar' de pop e funk
O álbum de 15 faixas, incluindo remix do hit "Show das poderosas", tem menos elementos de funk do que no início da carreira da "ex-MC". Ela diz que ainda há "essência melody", mas não quer ser conhecida só como "funkeira", nem como "cantora pop", com direito a clipe lançado no Fantástico do single "Não para".

"Não gosto de rótulos, pois fico limitada a fazer uma coisa só. Gosto de brincar de fazer tudo, um pouquinho de cada coisa. Se não rotula, pode brincar com tudo", diz a garota com "jeito de menina brincalhona", como canta em "Meiga e abusada".

Show em mesa de ping-pong
Anitta admite que o caminho do funk ao pop também teve motivação comercial. O mercado de funk carioca é popular, mas cachês altos são raros há amadorismo em várias produções.

"Já subi em um palco que era uma mesa de ping-pong velha, subi em um palco que desabou com a pessoa que foi lá em seguida, tomei choque e me cortei com o microfone", lembra os primeiros bailes.

A cantora que hoje pensa em megaproduções não renega o passado. "Se eu não passasse por essas coisas eu não seria quem eu sou hoje. É tudo necessário para o crescimento de qualquer um", reflete Anitta sobre os "perrenges" no funk.

À frente de Ivete, Sandy e Leitte
O clipe de "Show das poderosas" supera o número de visualizações de vídeos recentes de Ivete Sangalo, Sandy, Claudia Leitte e Paula Fernandes, juntas, mostrou reportagem do G1. Mas Anitta não acha que está à frente delas.

"São cantoras consagradas. Não tem como para comparar a carreira de anos de Sandy, Ivete Sangalo, com a minha, que está começando agora. Ultrapassei momentanamente, com um clipe que virou uma febre", minimiza.

"Óbvio que o sonho é continuar com muitos views, com interesse das pessoas no meu trabalho, mas acho que a novidade causa esse 'boom' maior", volta a ponderar.

'Abusada' com produtores
"Tenho muito a minha identidade e sei muito o que quero fazer. E os produtores das minhas músicas não sabiam disso, que eu conseguia fazer. A gente acabava brigando no início", lembra a artista, que fala com desenvoltura sobre Stevie B e as origens do funk melody.

Antes da gravação do CD, houve um acordo com Umberto e Mãozinha, parceiros de veteranos como Buchecha e Latino. "Minha empresária falou com eles: 'vamos trabalhar em conjunto, ouçam a Anitta também'." Ela teve crédito de arranjadora em algumas faixas.

A ex-professora de dança pensa não só nas faixas, mas na sua transposição para coreografias em vídeos e shows. "Eu me preocupei com cada parte para que fosse dançante. Invisto tanto no meu corpo de balé quanto nas minhas músicas."

'Não sou muito materialista'
Anitta não é só fenômeno musical. Seu passado é tema de interesse do público, de ex-namorados a cirurgia no nariz. "É difícil lidar com isso", admite a cantora. "O artista nunca pode estar em um mau momento, tem que estar sempre acertando tudo."

Uma das cenas "antes da fama", divulgada por ela mesma, foi um vídeo dizendo que ia "gastar tudo" em um outlet de Las Vegas, em viagem para gravar o clipe de "Meiga e abusada".

"Foi uma grande brincadeira. Eu nunca tinha viajado pra fora. Mas é mentira, eu não gastei nada. Levei e não gastei metade. Não sou muito materialista. Gastei com coisas que eu precisava e não tive tempo de comprar no Brasil. Compro o que eu preciso", garante Anitta. "Comprei um carro. Meu sonho é comprar uma casa", diz a jovem que mora sozinha em apartamento alugado na Barra da Tijuca. "Não tenho isso de querer 'bolsa não sei que, sapato não sei que'".