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Sábado, 27 de abril de 2024

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Aldeia Afukuri

Rapper indígena do Xingu se apresenta no Festival do Futuro durante posse de Lula

Foto: Scarlett Rocha/Instagram

Rapper indígena do Xingu se apresenta no Festival do Futuro durante posse de Lula
O grupo de rap indígena de Mato Grosso, Nativos MC’s participou do Festival do Futuro, que integrou a programação da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste domingo (1º), em Brasília. O projeto musical surgiu na Aldeia Afukuri, da etnia Kuikuro, localizada no Alto Xingu. Os rappers mostram sua realidade e defendem seu território e tradição por meio da música.

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A apresentação no Festival ocorreu por meio de um convite da artista Kaê Guajarara, da etnia Guajajara, originária do Maranhão e do rapper Kandu Puri, da etnia Puri Teyxokawa, localizada no interior de São Paulo.

“É com muita alegria no coração que venho agradecer a cada um que acreditou em nós até aqui, a cada um que contribuiu com essa caminhada. Cantar na posse com aqueles que fecham com você na luta do dia a dia, não tem preço! Estamos fortes e incríveis! Que energia maravilhosa! Indígenas resistem mesmo na favela, e queremos que toda a violência seja reconhecida, pra que assim consigamos com verdade, evoluir no que precisamos sobre direitos”, declarou Kaê em suas redes sociais.

O trio subiu ao palco Elza Soares, localizado na Esplanada dos Ministérios, por volta das 13h. Os artistas cantaram em português e suas línguas maternas, como o Kuikuro do grupo do Xingu. 

“Talvez, pela primeira vez, vozes indígenas cantam na posse de um Presidente em nosso país. Cantaremos em português por que tivemos que aprender a viver no mundo que nos rodeia, mas também cantaremos em nossas línguas maternas, a língua dos nossos ancestrais, para mostrar que além desse Brasil existem outros Brasís, outras realidades, outros Povos que habitam essa terra muito antes da invasão dos colonizadores”, publicou o grupo Nativos MC’s nas redes sociais.

A língua Kuikuro se funde ao português em uma proposta de ampliar o discurso político do grupo e usar a arte como agente transformador na luta por direitos. O povo Kuikuro lida com constantes violências como desmatamento, poluição, queimadas, invasões, envenenamento da terra e da água, e todas essas questões surgem nas letras dos Nativos MCs.  

“A inspiração nas letras é para trazer um olhar para essas questões e a atenção para os temas que nos afetam e que a sociedade brasileira não tem noção. Devido a uma educação em bases coloniais, a população é educada sem saber nada sobre as verdadeiras realidades e a diversidade indígena no país. A cultura se mantém viva dentro do território, e também resiste em todos os espaços, em tradições e práticas diárias. Assim, unidos e fortes para continuar existindo, tendo forças para as lutas. O nosso compromisso enquanto povos indígenas é defender nossas terras e a biodiversidade”, conta o grupo.

Nativos MC’s inicialmente era formado pelos rappers Macc JB, Urysse Kuykuro e Pajé MC. No entanto, Pajé faleceu no mês de agosto de 2022, aos 21 anos, em decorrência de complicações da tuberculose. Ele estava internado em um hospital de Guarantã do Norte.

O trabalho mais recente lançado pelo grupo é “Trap Indígena”, com participação de Kandu Pari. Com a música, os artistas buscam dar forma aos efeitos da colonização presentes até hoje, seja na aldeia, na cidade ou nas favelas, onde muitos indígenas passaram a residir como consequência de sua exclusão social.

“Essa música mostra como nós resistimos à colonização de diferentes formas para preservar nossos idiomas e territórios. Seja onde for, todo o Brasil é terra indígena”, resumem os Nativos MCs.
 
O lançamento da música e do videoclipe faz parte do selo Azuruhu, iniciativa que valoriza a construção coletiva indígena na música, literatura e audiovisual. A ideia do projeto é criar autonomia para os artistas e fomentar a arte indígena contemporânea. O nome Azuruhu se refere a um papagaio grande que canta alto e voa em bando.

Veja o videoclipe da música "Trap Indígena":
 
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