Olhar Conceito

Terça-feira, 30 de abril de 2024

Notícias | Gastronomia

sabores pantaneiros

Doceira de MT cria brigadeiros de pequi, manga, furrundu, bocaiúva, cumaru e tamarindo

Foto: Reprodução

Doceira de MT cria brigadeiros de pequi, manga, furrundu, bocaiúva, cumaru e tamarindo
Quando descobriu que estava grávida aos 15 anos, Roziqueli de Jesus Tacio, de 24, buscou formas de conseguir ganhar dinheiro para se preparar para a chegada do filho. Mesmo ainda inexperiente com os doces, ela foi às ruas para vender brigadeiros e beijinhos tradicionais, em 2015. Aos poucos Rozi, como é conhecida, se especializou e criou os “Sabores Pantaneiros” para que seus brigadeiros tivessem o DNA do Cerrado e do Pantanal, já que ela mora em Cáceres (MT), onde os biomas se encontram. 

Leia também 
Depois de câncer de mama, fotógrafa de Cuiabá compra micro-ônibus de 22 anos para viver na estrada


A “Delícias da Rozi” nasceu junto com a maternidade da cacerense. Depois do parto, ela teve depressão por se achar muito nova para ser mãe. Ela encontrou nos brigadeiros uma forma de trabalhar e ter tempo para a família, além de ter conseguido levar mais uma fonte de renda para a casa. 

“Os brigadeiros ajudaram a gente ter outra fonte de renda e me tirar aqueles pensamentos de que não seria capaz de cuidar do meu filho. Me achava muito nova, não tinha estrutura para ter uma criança, a gente morava na casa da minha mãe, dentro de um quarto. Então, isso era o que mais me afetava, não ter como cuidar do meu filho e prover as coisas que ele precisava. Ele tem oito anos agora”. 

"Sabores Pantaneiros" viraram marca registrada de Rozi, mas ela também segue produzindo brigadeiros e beijinhos tradicionais. (Foto: Arquivo pessoal)

O primeiro da linha pantaneira a ser lançado foi o brigadeiro de pequi, seguido pelo de manga e milho com coco queimado. No ano passado, Rozi participou de uma mentoria com o chef Marcello Cotrim, realizada em parceria com o Sebrae, no Circuito Gastronômico, em Cáceres. Foi quando nasceram os sabores furrundu, bocaiúva, cumaru e tamarindo. 

“Quando comecei, não sabia fazer os brigadeiros direito, muitas receitas foram perdidas por não conseguir dar ponto. Na época, não tinha acesso a internet e cursos para fazer, foi tudo na marra. Aprendendo e errando. Mesmo eles não sendo tão bons como são hoje, sempre recebia muitos elogios. Isso foi me dando motivação, fazendo eu me sentir confiante”. 

Atualmente, Rozi faz mestrado em Educação e, através dos brigadeiros, conseguiu ter a renda necessária para cuidar do filho. Ela conta que, no início, chegou a pensar que o trabalho com doces seria passageiro. Hoje, a cacerense ressalta que não se imagina mais sem trabalhar com os brigadeiros. 

“Em 2017 até consegui um trabalho, só que meu filho ainda era muito pequeno. Sofri muito em passar o dia inteiro longe dele e não tinha tempo para estudar, foi bem na época que entrei na faculdade também. Abri mão disso para investir e continuar com os doces”. 

Programas de aceleração e empreendedorismo como o Move MT são definidos por Rozi como essenciais em sua trajetória. Foi em 2020, quando participava de uma das mentorias do projeto que foi provocada a criar um brigadeiro com sabor regional e que representasse Mato Grosso. 

“Eles sempre me provocavam a criar algo com o sabor de Mato Grosso, para dar um diferencial para o negócio. Na época não trabalhava com sabores regionais, eram os tradicionais mesmo, como brigadeirinho, beijinho e ninho com nutella, os que a gente encontra em todos os lugares”. 
 

Brigadeiros com frutos do Cerrado e do Pantanal 

O pequi é um dos frutos nativos do cerrado brasileiro e que tem presença abundante em Mato Grosso, onde faz parte da culinária regional. O sabor foi o primeiro a entrar no cardápio da Delícias da Rozi, quando ela transformou um iogurte de pequi em brigadeiro. 

“Minha mãe fez um iogurte de pequi, porque ela estava com muitos pequis em casa, só que ela não gostou. Ela gosta muito do pequi em comida salgada e não aprovou. Já eu, que não gosto do pequi em comidas salgadas, experimentei e gostei do iogurte. Decidi transformar em um brigadeiro. Depois, comecei a pensar em outros sabores, foi quando veio o de manga e o de milho com coco queimado”. 

Depois de fazer os primeiros brigadeiros de pequi, Rozi decidiu que era hora de ter o feedback dos clientes. Ela conta que o doce causa curiosidade, já que o fruto é visto, tradicionalmente, em comidas salgadas. 

“Fiz teste com alguns clientes para saber se estava gostoso, mandei alguns para experimentarem, todos gostaram muito, mesmo os que não gostavam de pequi. Foi quando decidi continuar. Ele levanta muita curiosidade, tem gente que recusa de cara por não gostar de pequi, mas sempre falo que também não gosto dele na comida salgada e que no brigadeiro é gostoso”. 

No ano passado, ela participou do Circuito Gastronômico com o chef Marcello Cotrim, quando nasceram mais sabores regionais. (Foto: Arquivo pessoal)

Fiz alguns cursos de confeitaria para começar a trabalhar com bolos, porque como vendia os doces, alguns clientes pediam os bolos. Eu não sabia fazer, então veio um curso para a cidade e fiz alguns cursos nessa área. Comecei a trabalhar com bolos confeitados. Hoje trabalho com bolos em chantininho que são acessíveis e dá para fazer muita com ele. Nunca fiz cursos de brigadeiros, fui pegando dicas na internet, faço pesquisas, mas fui aperfeiçoando e testando sozinha. 

Durante o Circuito Gastronômico, Rozi também foi estimulada a pensar em receitas de brigadeiros que valorizassem os frutos do Pantanal mato-grossense. Para fazer os doces, ela usa o próprio fruto, sem recorrer a polpas ou essências. 

“Busco sempre trabalhar com o fruto, não uso a essência ou a polpa, então algumas épocas chegam a faltar sabores, por exemplo agora estamos sem o de tamarindo porque não começaram a colher. O de pequi consegue atender sempre, porque pode ser congelado. Tem feito sucesso tanto aqui na cidade quanto fora, atendo pessoas que vêm de Cuiabá”. 

A cacerense explica que através dos programas de aceleração que participou começou a aprender sobre vendas e empreendedorismo, já que quando criou a Delícias da Rozi foi motivada pela necessidade financeira. 

“Com as mentorias aprendi bastante sobre como gerenciar um negócio. Até chegar no Move MT, por exemplo, não tinha controle de lucro e de precificação. Posso dizer que só depois do Move MT estou vendo o dinheiro entrar e investindo no negócio, porque antes entrava aqui e saía ali”.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet