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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Pequi vira ingrediente principal de drink original servido por restaurante em São Paulo

Foto: Reprodução

Pequi vira ingrediente principal de drink original servido por restaurante em São Paulo
Clássico da culinária mato-grossense e símbolo do Cerrado, o pequi virou o principal ingrediente de um drink original e irreverente servido pelo restaurante Mocotó, em São Paulo (SP). Adquirido junto à Sumaúma Alimentos, o fruto usado pelo estabelecimento é beneficiado pela Associação de Mulheres da Agricultura Familiar do Portal da Amazônia (AMAFPA), trazendo um sabor doce e peculiar que não apenas desafia os paladares mais criativos, mas também apoia a agricultura familiar.

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Direto de Terra Nova do Norte, a associação é apoiada pelo Programa REM MT com R$ 739.890,00, por meio do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT). Formada apenas por mulheres, a associação trabalha com o Pequi Gigante da Amazônia, desde sua colheita, passando pelo beneficiamento até a sua comercialização. 

Fruto habitual do Centro-Oeste e presente em muitos pratos regionais, o mixologista do Mocotó, Rafael Welbert, quis levar o sabor singular do pequi em uma receita inovadora para o Sudeste. “A ideia é valorizar um produto tão incrível como o pequi, de uma forma inusitada que é uma batida de cachaça branca, junto com outras frutas amarelas, como o maracujá e o abacaxi. O pequi ainda é pouco conhecido em São Paulo”.

Trabalhando há muito tempo com ingredientes brasileiros e cachaça, Rafael conta que a intenção é tentar valorizar ao máximo o ingrediente.

“Estou usando o pequi por conta do seu sabor peculiar e tão brasileiro, um fruto que não se usa tanto na coquetelaria, já que é mais usado na cozinha. Então, pensei em utilizá-lo pela sua textura, pelo sabor e pela sua gordura. Assim o incorporei em uma batidinha que é um estilo de bebida mais cremosa, porém, sem usar leite condensado ou creme de leite ou qualquer tipo de emulsificante”.

Por conta do seu odor característico, muitas pessoas têm aversão ao pequi – sem ao menos experimentá-lo. Em um primeiro contato, Rafael confessa que alguns clientes ficam ressabiados. No entanto, a ideia é exatamente o oposto: quebrar preconceitos e popularizar a diversidade de sabores, cores e cheiros que o Cerrado e a Amazônia possuem.

“Quando a gente oferece para o cliente um drink com pequi, normalmente, a reação é de desconfiança. Mas, quando  o cliente experimenta, ele acaba baixando a guarda e gostando da batida. A gente lida com um pouco de preconceito, pois muita gente odeia o pequi. E do outro lado, muita gente ama. Parece a relação que muitos dos nossos clientes têm com o coentro também. Entendemos que como pouca gente conhece por aqui ou só está familiarizado com o uso em pratos salgados, estranha vê-lo em um coquetel”, comenta Rafael.

Apoio do REM MT

O apoio do Programa REM MT tem ajudado na valorização da cadeia de valor do pequi. Rafael também reconhece a importância de colaborar com a agricultura familiar, além da preservação ambiental.

“Eu acredito que seja fundamental. Isso é algo que o chef Rodrigo e nós no restaurante tentamos fazer como um todo, tentamos sempre buscar fornecedores para a cozinha e para o bar que sejam da agricultura familiar ou da produção orgânica. Essa valorização do produto e do produtor é essencial para termos uma cadeia do alimento muito mais justa e melhor para a gente e para o meio ambiente”, pontua.

O engenheiro ambiental e ponto focal  no Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT) do REM MT, Leonardo Vivaldini, comemora a conquista das mulheres da associação, especialmente levando em consideração a dificuldade de produção e comercialização que elas enfrentam na região.

"Dentro de uma cadeia tão emblemática como a do pequi, ainda existem diversos gargalos a serem superados para poder comercializar. Primeiro produzir com pouca orientação técnica e assistência, depois coletar num curto período de tempo e processar isso, e, por fim, encontrar mercados que pagam de forma mais justa. É um trabalho que envolve não só a restauração de áreas degradadas, mas também criatividade do ponto de vista da manutenção da floresta e sequestro de carbono”, cita Leonardo.
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