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globalização

No mundo virtual, ainda nadamos no raso; é preciso mergulhar para romper à margem

25 Jan 2014 - 09:00

Especial para o Olhar Conceito - Nina Moon

Foto: Reprodução

Sociedade maquinizada

Sociedade maquinizada

Estamos conectados. Interligados. Em rede. Somos um organismo vivo que pulsa. Mas, você já parou para pensar que há uma década não parávamos nossas vidas para postar as fotos nas redes sociais, para compartilhar nossas indignações sem mover as bundas do sofá. Há uma década, a internet era discada, baixar filmes levava dias e uma conexão segura. Há uma década éramos deliberadamente mais livres. Não tínhamos amarras digitais. Nosso clique era mais real. Não estávamos expostos em vitrines como produtos do capitalismo, do consumismo. Há uma década, éramos mais reais.

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Mais reais porque sabíamos aproveitar o momento sem querer eternizá-lo em uma fotografia. Mais reais porque não esperávamos por conexão 24 horas. Nossa vida era regida pelo momento do agora, mas sem uma incorporação global, que nos faz dependente, como viciados em química, que buscam e buscam, mas nunca preenchem o vazio. A conexão 24 horas nos faz escravos de nós mesmos, da vitrine a qual estamos divulgando as maravilhas da vida contemporânea.

A sociedade moderna está totalmente interligada. Fatos que acontecem no dia a dia rodam o mundo, conforme a mídia considera a sua importância e evidência. Mas, estar conectado não é um problema. É um avanço, em muitos sentidos. Só que não deixa de ser também uma prisão, que nos foi imposta sem ao menos pensarmos os contratempos de uma vida rendida à tecnologia ao extremo. Somos dependentes da tecnologia, como somos dependentes das ilusões para continuarmos seguindo.

O problema de estar conectado 24 horas é ter acesso a um número tão imenso de informações e dados, que fica
difícil assimilar isso com algum grau de profundida. Estar conectado é viver no raso. Para se embrenhar no verdadeiro universo digital, é preciso se desprender dos parâmetros impostos e mergulhar em um oceano complexo de links e dados, que se processados da maneira correta, podem ampliar o entendimento de vida e mundo. É preciso se arriscar para conhecer algo além do mundo superficial que é vendido pela conexão 24 horas.

Nos esquecemos de ir além do que está proposto. Não queremos ir à margem. Não queremos romper com o que nos ‘enfiam’ goela abaixo de conteúdo. Estamos preocupados demais com a nossa imagem, com a nossa miragem em um espelho de vaidades. Somos espertos, temos opiniões, fazemos críticas, nos revoltamos, compartilhamos ideias, conceitos, mas não os discutimos em sua essência, postamos nossas fotos, e nos sentimos lindos, especiais, parte de algum mundo que não compreendemos muito bem.

Queremos aparecer na vitrine da conexão 24 horas, porque esta é a maneira de estar inserido no mundo moderno. Quem não está conectado, está fora, vive outra realidade. Não rompe as barreiras do cotidiano. Não assimila informações do mundo todo. Mas, quem realmente está consumindo informações relevantes neste raso virtual?



A resposta é que são poucos. Afinal, muitos esquecem de qualquer responsabilidade social que possam ter em vida, como cidadãos, para serem reverenciados como deuses em suas redes sociais. Aonde seus seguidores curtem, comentam, criticam e compartilham. Mas, quem sabe se seguíssemos menos e fizéssemos mais, poderíamos alcançar um novo modo de conexão, que iria além do virtual para se encontrar nas páginas da vida real, como um impulsionador de ações conjuntas, que possam alterar os paradigmas que regem a nossa época. Não devemos apenas sorrir e posar para fotos, mas mergulhar de cabeça em um universo que pode expandir a vida, derrubar barreiras e romper padrões.
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