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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Mesmo em um país tolerante, o ateísmo ainda causa estranheza em grande parte da população

Foto: Reprodução

Mesmo em um país tolerante, o ateísmo ainda causa estranheza em grande parte da população
Nas ruas de Cuiabá, é comum encontrar pessoas entregando panfletos das mais variadas coisas: produtos, promoções, apartamentos, festas, ações solidárias, dentre outras. Normalmente, as pessoas distribuindo esta forma de propaganda entregam a folha e pronto. Mas um homem pedindo doações de sangue, antes de entregar o pedaço de papel, tem uma pergunta muito específica para fazer a todos que passam.

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“Você é católico ou envangélico?”, ele pergunta a todos que passam pela região central de Cuiabá, o panfleto ainda no ar, esperando pela “resposta certa” para poder ser entregue. Na capital mato-grossense, é muito comum a pessoa reponder ou um, ou outro. Mas se por uma acado a pessoa for de outra religião e responder “de nenhuma das duas”, o panfleteiro já tem outra pergunta na manga. “Mas você acredita em Deus, não é?”.

A maioria das pessoas do Brasil responderiam “sim”. Mas uma porcentagem cada vez mais crescente responde “não”. Quando a resposta é esta, o panfleteiro faz uma exclamação assustada e recolhe o panfleto. Tanto em Cuiabá, quanto em outras cidades do Brasil, os cidadãos, no geral, são tolerantes com outras religiões. Mesmo que não gostem de outra crença, toleram sua existência. Mas estas mesmas pessoas têm dificuldade de aceitar que um número cada vez maior de brasileiros não só não praticam nenhuma religião, como também não acreditam em Deus.

Na série especial de natal sobre religiões não cristãs, o Olhar Conceito mostrou as celebrações de fim de ano dos muçulmanos, judeus e budistas. Apesar de o ateísmo não ser uma religião, é um novo ponto de vista que sai da “zona de conforto” dos brasileiros.

Silvio Victor Campos é servidor público em Chapada dos Guimarães. Na infância, foi criado como protestante presbiteriano. Ao longo dos anos, interessou-se muito por leitura e história. “Com isto, fui colocando o Cristianismo cada vez mais em relação com outras religiões até que, por fim, percebi que enxergava a religião Cristã do mesmo jeito que via a Yanomami ou o Hinduísmo, como uma prática social e histórica de um povo qualquer”, disse.

De acordo com ele, nem todos aceitam muito bem sua opção de não acreditar em Deus. Quando descobrem que Victor é ateu, as pessoas encaram isto com estranheza ou incredulidade. “Geralmente é a incredulidade a primeira reação. Depois, quando sou interpelado e dou meus argumentos, geralmente me consideram excêntrico ou louco mesmo”, afirmou ao Olhar Conceito.

No entanto, mesmo com estas reações, Victor sente-se feliz com suas escolhas. Segundo ele, ser ateu o tornou mais tolerante. Outro ponto que contribuí para esta paz mental é que, por ser ateu, Victor não se sente atormentado por senso de culpa ou obrigação mística, presente em várias religiões.

As celebrações de final de ano de Silvio Victor são como as de qualquer outro feriado. Como sua família é “um caldeirão religioso”, como ele mesmo define, o importante para ele é aproveitar o tempo de descanso do trabalho com pessoas queridas. “Feriados religiosos não significam nada para mim além do tempo livre que oferecem. A minha celebração de natal não envolve nenhuma forma de liturgia, culto ou sequear a ideia de religião. Celebramos como qualquer outro fim de semana e feriado, celebrando a presença de pessoas queridas”, explicou Victor.

Mesmo com a incredulidade de alguns e a dificuldade de aceitação de outros, Silvio afirma que sente-se contete por poder ser quem é sem medo de ser queiamdo em uma fogueira, como antingamente acontecia. “Muito embora eu sofra um eventual contratempo (como ser hostilizado por algum religioso mais fervoroso ou riscarem meu carro), é um preço que pago por ser um pouco militante”, finaliza.
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