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Suiá Missú

Terceira comitiva de mulheres vai a Brasília tentar reverter desintrusão

09 Dez 2012 - 14:55

Do Posto da Mata - Renê Dióz - enviado especial

Foto: José Medeiros / Fotos da Terra

O envio da comitiva também visa trazer algum conforto à população desempregada, desesperada e incontrolável, prestes a perder a cabeça sob perspectiva de se ver sem suas terras para viver debaixo de lonas

O envio da comitiva também visa trazer algum conforto à população desempregada, desesperada e incontrolável, prestes a perder a cabeça sob perspectiva de se ver sem suas terras para viver debaixo de lonas

Os produtores rurais da gleba Suiá Missú vão enviar neste fim de semana pela terceira vez no ano uma comitiva de mulheres a Brasília para cobrar do ministro Gilberto Carvalho, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, e do Supremo Tribunal Federal (STF) novos pareceres a respeito da situação dos moradores das terras, demarcadas na década de 90 como reserva xavante pela Fundação Nacional do Índio (Funai).


Os produtores, representantes de uma população que estimam em 7 mil pessoas dentro da gleba, decidiram nesta sexta-feira (7) por enviar a comitiva em ônibus diretamente do distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata), área urbana dos 165 mil hectares reivindicados pelos xavantes há vinte anos.

A decisão data do primeiro dia após o fim do prazo para retirada voluntária dos ocupantes não-índios das terras, momento de incertezas e tensão marcado por diversas manifestações coletivas - de fé, de ódio à política da Funai e de revolta - por parte dos moradores em vigília, como preces em conjunto e atos de protesto para chamar atenção tanto da imprensa quanto das autoridades competentes em Brasília.

Da última vez que uma comitiva seguiu de Suiá Missú a Brasília, um grupo de mulheres chegou a protestar em frente ao Palácio do Planalto para sensibilizar a presidente Dilma Rousseff (PT), mas sem sucesso. Agora, a intenção é espalhar ao máximo notícias referentes à situação na área e os produtores. Os produtores têm dado suporte à cobertura por parte dos poucos representantes da imprensa no local e, centrados na sede da associação, disparam para parentes e conhecidos de toda parte reportagens publicadas a seu respeito.

De acordo com Paulo Vieira Gonçalves, um dos líderes à frente da Associação dos Produtores de Suiá Missú (Aprosum), o ministro Gilberto Carvalho “deu a palavra dele” de que buscaria dentro do poder Executivo federal uma alternativa para a saída dos ocupantes não-índios, como indenização ou novas terras para reiniciarem suas vidas.

No Supremo, a reivindicação é por uma decisão quanto ao recurso judicial que pleiteia reverter a situação de despejo iminente. O caso está sob relatoria do ministro Joaquim Barbosa, atual presidente da Corte (o processo antes estava sob relatoria de Ayres Britto, que se aposentou).

O envio da comitiva também visa trazer algum conforto à população desempregada, desesperada e incontrolável, prestes a perder a cabeça sob perspectiva de se ver sem suas terras para viver debaixo de lonas, adverte Gonçalves.

“As pessoas estão desesperadas. Já não temos controle sobre ninguém. Quem quer fazer as coisas é o povo. A gente tá aqui tentando o máximo para não deixar acontecer coisa pior”, resume. Pouco antes dessas declaração, no centro do distrito a multidão chegou a ser apaziguada por um dos inúmeros moradores que tomaram o microfone para falar. “Não percam a cabeça”, advertiu.

Gonçalves ainda criticou a conduta do governo do Estado por gastar milhões de reais em obras supérfluas para a Copa do Mundo de 2014 enquanto a população local está à beira da miséria. “O dinheiro de um estádio que estão construindo indenizava 7 mil pessoas que estão perdendo suas casas, suas terras, sua dignidade”.
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