O candidato a deputado federal Fábio Neto, apesar de se apresentar como opção para a renovação da política, vem de uma família com tradição na política de Mato Grosso. Seu avô foi José Garcia Neto, governador na ditadura militar brasileira, época em que os chefes do poder executivo estadual eram indicados diretamente pelo presidente – um general do exército.

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A ligação de Fábio com seu avô é mais que política. Foi Garcia Neto que iniciou a família em sua principal atividade econômica: o ramo da construção civil. Formado em engenharia civil na Bahia, se tornou diretor do Departamento de Obras de Mato Grosso na década de 1950, e associou-se a uma empreiteira. Agora, o pai de Fábio, Robério Garcia, é dono da empreiteira Engeglobal, responsável por várias obras da Copa do Mundo em Cuiabá.

Garcia Neto foi prefeito de Cuiabá pelo partido União Democrática Nacional, sigla política de ideologia keynesiana que daria amplo apoio ao golpe de 1964. Assim como maioria dos membros da UDN, com o advento do golpe ele migrou para a Aliança da Renovadora Nacional (ARENA), o partido de sustentação da ditadura militar.

Durante o regime de exceção, foi eleito deputado federal e indicado pelo general Ernesto Geisel, então presidente do Brasil, em 1974. Foi durante a gestão de Garcia Neto que Mato Grosso sofreu um dos maiores golpes de sua história: a divisão do estado, em 1977. Na ocasião, MT ficou com todas as dívidas públicas da área do novo estado, obrigação de pagar aposentadorias e pensões, mesmo sem ter a arrecadação daquela parte do antigo território.

A eleição de 2014 é o primeiro pleito de Fábio Garcia, mas não seu primeiro cargo político. Ele foi secretário de governo da Prefeitura de Cuiabá desde 2012. Homem de confiança do prefeito Mauro Mendes (PSB), ele é tido como uma das prioridades do Partido Socialista Brasileiro na disputa eleitoral.

Embora a família tenha tradição com construção civil, na declaração de bens que fez ao Tribunal Regional Eleitoral para ser candidato, Fábio não mencionou possuir nenhuma participação na empreiteira do pai. Com um patrimônio estimado em R$ 3,4 milhões, ele também não cita nenhuma residência.