Vinda de uma geração que viveu o tetra e o pentacampeonato da Seleção Brasileira, a jornalista de Cuiabá, Sissy Cambuim, está no Catar desde o dia 18 de novembro e fica por lá até o dia 10 de dezembro para vibrar e torcer pelo hexa. Para ela que viu os dois últimos títulos da amarelinha, o sentimento resgatado pelas memórias afetivas dos tempos em que se pintavam ruas, juntavam famílias é de paixão. “Aquela paixão de esporte que, na minha época, ainda passava de pai para filha”.
Hoje Sissy faz parte do Movimento Verde Amarelo, que vem se afirmando como torcida oficial da seleção brasileira em copas do mundo desde 2006. O ímpeto da jornalista para vibrar in loco nas copas começou quando o Brasil sediou a edição de 2014.
“Hospedei torcedores de outros países, um australiano, dois colombianos e um eslovaco. Isso trouxe um contato com o clima de copa que eu vi na cidade me fez querer ter isso pra sempre, querer viver esse momento pra sempre. Naquele momento eu decidi que na próxima eu iria”.
Decidida em ir para Rússia experimentar sua primeira Copa, Sissy procurou grupos de brasileiros para se organizar, até que encontrou um “bonde” de mulheres determinadas para o mesmo objetivo. “E aí, nós criamos um grupo chamado “Elas na Copa”, que tinha cerca de mulheres do Brasil inteiro que decidiram se reunir para ir pra copa da Rússia, também desmistificando os temores da Rússia como um país sede”.
E a união da mulherada fez a força e meninas de Manaus se juntaram com moças do Paraná, com turmas de Mato Grosso para dividir hospedagens e organizar roteiros de viagem ao outro país. E foi na Rússia que Sissy teve o contato com o Movimento Verde Amarelo.
“Desde então comecei acompanhar o movimento, fui na copa américa, mundial sub-17, tudo com movimento. Ano passado participamos do encerramento do prêmio Brasil olímpico do comitê olímpico brasileiro. Temos sido bem ativas no movimento verde amarelo”.
Inserida ativamente no movimento, Sissy destacou um ponto muito legal e positivo que se contrastou com toda controvérsia que envolveu o Catar. O programa Fan Leader, criado pelo comitê supremo que organiza esta edição, selecionou torcedores de vários países para estabelecer um canal direto com a organização.
“Entrei nesse programa e ai a gente tinha acesso para saber tudo, tirar dúvidas e até opinar na organização, conhecer pessoas que moram aqui”.
Dentre as qualidades do programa, ela destacou também a questão da segurança feminina em um país com leis machistas em que as mulheres não têm direitos assegurados.
“Especialmente na nossa pegada que é para falar sobre o espaço da mulher nos esportes, sempre tivemos essa preocupação muito grande com a segurança das mulheres. Nesse canal direto com o comitê supremo, tínhamos mulheres do mundo inteiro que estavam nesse programa – o canal direto – para tirarmos dúvidas, sabermos como era e garantir que teríamos segurança. Então temos mulheres do mundo inteiro que moram aqui, brasileiras, mexicanas, palestinas que moram aqui e que foram contando pra gente sobre a segurança feminina”, explicou.
Sobre a expectativa do MVA, que surge com objetivo de mudar a forma de torcer, trazendo para o país uma torcida que realmente fizesse diferença, Sissy afirmou que cada vez mais brasileiros estão se aproximando do movimento.
“E, nas olímpiadas, tivemos um grande boom com o “mil gols” - uma musica que ficou na ponta da língua dos torcedores. E na Rússia foi a explosão: se tornou uma coisa gigantesca e agora no Catar a expectativa é maior ainda. Estamos vendo aqui no dia a dia que os torcedores estão querendo estar cada vez mais juntos com o MVA. Inclusive reforço o convite aos torcedores de Mato Grosso para entrar no movimento, basta acessar o link no instagram para ingressar na torcida oficial do Brasil”.
Sissy está, neste momento, no esquenta organizado pelo MVA. O Brasil estreia dentro de algumas horas e, conforme ela reportou ao Olhar Direto, “tem muita gente já aqui, muita gente chegando e as pessoas querem estar juntas. Vamos sair em caminhada para o estádio, que é um dos momentos mais emocionantes para o torcedor brasileiro”.
Por fim, Sissy deixou claro que a torcida verde amarela se destaca. Seja pela organização, pelo reconhecimento que outros torcedores tem pelos títulos da seleção brasileira, “sem dúvida ontem no movimento Fan Leader, a torcida do Brasil era a maior”.
E os brasileiros estão marcando presença no deserto Catari. Conforme levantamento divulgado pela Polícia Federal, o país recebeu mais de 3 mil torcedores brazucas em dez dias. Conforme a PF comunicou à CNN, esse número nunca foi tão alto.
“Sabemos também que os argentinos são completamente apaixonados por futebol, eles têm uma tradição. Mas, aqui nas ruas, não fazem a nossa festa. Não fazem frente a nossa torcida. Nós da torcida brasileira somos muito assediados aqui pra tirar foto, basta estar com a camisa”, complementou.
E a festa multicultural fica ainda mais colorida pelo fato de que todos os torcedores de outros países ficam, majoritariamente, hospedados em Doha – como é o caso de Sissy. Além disso, o clima de inverno tem amenizado o calorão característico do país, o que dá um alívio na hora de expressar as emoções pelas seleções, especialmente pelo hexa da amarelinha. “Aqui estamos no inverno, e o clima é bem mais ameno que no inverno cuiabano. As temperaturas variam na faixa dos 23 graus”.
Em relação ao choque cultural de ser uma cuiabana vibrando pelo seu país em um outro continente, Sissy explicou que ainda não notou tanta diferença. “Pelo clima de Copa, tudo fica muito internacionalizado”.
A jornalista fica no país para acompanhar todos os jogos do Brasil até as quartas de final (caso o time de Tite avance para as fases eliminatórias). O primeiro jogo da amarelinha será contra a Sérvia. Depois, enfrenta a Suíça na segunda-feira (28) às 12h. O último duelo na fase de grupos será no dia 2 de dezembro, contra Camarões na sexta-feira, às 15h.
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