"A população dorme nas ruas e períodos de silêncio são entrecortados por cânticos e clamores." Essa é a descrição de como está o Haiti após o terremoto de 7 graus de magnitude que devastou muitos prédios da capital Porto Príncipe e pode ter matado cerca de 50 mil pessoas, feita pelo professor Omar Ribeiro Thomaz, que acompanha um grupo de estudantes da Unicamp ao país.

O grupo embarcou para o Haiti no dia 31 de dezembro para desenvolver um trabalho de pesquisa em áreas de conflito.

Em um blog, o professor e os estudantes descrevem a atual situação da população haitiana, após os terremotos. "Em frente a nossa casa --que não foi atingida pelos tremores--, foram erguidas barraquinhas, onde dezenas de pessoas se preparam para passar mais uma noite", descreve o professor no último relato postado, ontem.

Os próprios brasileiros relatam que passam a maior parte do tempo no jardim da casa em que estão hospedados. "E quando estamos dentro evitamos ir ao segundo andar e estamos sempre atentos aos inúmeros tremores que se sucedem", afirma o professor.

O grupo está hospedado na casa da ONG Viva Rio, onde estão um total de 15 brasileiros. Um dos estudantes escreveu no blog que eles estavam divididos em dois grupos no momento em que começou o terremoto. "De repente, foi como se uma onda passasse pelos nossos pés e tudo começou a tremer", descreve o estudante Rodrigo Charafeddine Bulamah

"As pessoas começaram a levantar os braços gritando 'Jesus' e 'Bon Dieu', um posto de gasolina explodiu na quadra ao lado e feridos apareciam aos montes, dentro e fora dos escombros", acrescenta ele. Na tarde desta quinta-feira, o presidente haitiano disse à TV americana CNN que ainda não sabe ao certo quantas pessoas morreram em decorrência do terremoto.

O grupo de estudantes da Unicamp é composta por sete jovens, que estão acompanhados pelo professor Thomaz. São eles: Marcos Pedro Magalhães Rosa, Daniel Felipe Quaresma dos Santos, Otávio Calegari Jorge, Diego Nespolon Bertazzoli, Rodrigo Charafeddine Bulamah, Werner Garbers Elias Pereira e Joanna Da Hora.

Também no blog, eles descrevem que a Minustah "está removendo os escombros dos hotéis de luxo" e a polícia haitiana resguarda supermercados destruídos. "Ouvimos notícias de saques, e escutamos tiros. A sensação é de que talvez as coisas piorem", relatou Rodrigo ontem.