Os detalhes da morte em estranhas circunstâncias do inspetor de armas do Governo britânico David Kelly, que questionou os argumentos do Executivo para justificar a Guerra do Iraque, só poderão ser divulgados após 70 anos, informa hoje o jornal "The Mail on Sunday".
O jornal revela que James Brian Hutton, o juiz encarregado de investigar a morte do especialista em julho de 2003, emitiu uma incomum ordem que proíbe a divulgação dos dados de seu histórico médico e autópsia até dentro de 70 anos, e dos testemunhos não feitos públicos da investigação até dentro de 30 anos.
O corpo de Kelly foi encontrado em uma floresta próxima a sua casa do condado de Oxford (sudeste da Inglaterra), pouco após se saber que ele tinha sido a fonte de uma notícia da rede pública "BBC" que questionava a veracidade da afirmação do Governo de que Iraque podia lançar um ataque químico em 45 minutos.
O Governo do trabalhista Tony Blair baseou na suposta capacidade armamentista do regime iraquiano, liderado por Saddam Hussein, sua decisão de colocar o Reino Unido na polêmica guerra liderada pelos Estados Unidos.
A investigação dirigida por lorde Hutton, qualificada de "encobrimento" pela imprensa britânica, se concentrou, principalmente, em averiguar como se chegou a emitir a polêmica notícia da "BBC", mais que em explicar a morte de Kelly, por isso parte do material nunca chegou a ser divulgado.
Hutton concluiu em seu relatório de janeiro de 2004 que Kelly tinha se suicidado cortando uma artéria do pulso.
No entanto, alguns médicos desafiaram esta posição com o argumento de que os ferimentos não eram suficientemente graves.