O vereador Onofre Júnior, que preside interinamente a Câmara Municipal de Cuiabá desde o afastamento e renúncia do ex-presidente João Emanuel (PSD), preferiu não se comprometer no que diz respeito ao envio do requerimento à Comissão de Ética para abertura de processo de cassação do mandato do colega parlamentar por quebra de decoro solicitado pela Ong Moral. “Como amanhã já entra o presidente definitivo, provavelmente é ele quem vai decidir sobre isso”, disse ao Olhar Direto.

Na tarde desta terça-feira (3) o Movimento Organizado pela Moralidade Publica e Cidadania (Ong Moral) protocolizou junto à presidência da Câmara Municipal de Cuiabá, representação por quebra decoro com pedido de perda mandato contra João, que em vídeo que veio à tona durante Operação Aprendiz, deflagrada na semana passa pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), aparece supostamente negociando com uma empresária o pagamento por uma área supostamente grilada e chega a explicar à interlocutora como poderia direcionar uma licitação da Câmara para beneficiá-la.

Leia Também: Ong Moral e Faissal pedem processo de cassação contra João Emanuel por quebra de docoro
Afastado 2 vezes e investigado pelo Gaeco, Emanuel diz que deixa Presidência de forma "honrosa"
Gravação de João Emanuel compromete vereadores e todos prestarão esclarecimentos ao Gaeco
Filhos e neto de magistrados do TJMT viram alvos de operações do Gaeco e PF

O documento direcionado ao presidente do Legislativo, Onofre Junior (PSB), está baseado nos fatos trazidos à tona durante a Operação Aprendiz e também na tentativa de compra de sentença, denunciada pelo Ministério Público Estadual durante Operação Assepsia do Gaeco.

Quando questionado qual era sua opinião sobre o vídeo em que João Emanuel aparece chamando os demais vereadores de ‘artistas’ e supostamente tramando direcionamento da Câmara, Onofre preferiu abster e disse que não cabe a ele tecer qualquer opinião sobre assunto.

O novo presidente da Câmara de Cuiabá será eleito na sessão ordinária desta quinta-feira (05), a partir das 8 horas, no plenário das deliberações. Desde antes da renúncia do ex-presidente João Emanuel Moreira Lima (PSD), os dois principais candidatos, vereadores Francisco Silveira Chico 2000 (PR) e Júlio Pinheiro (PTB), já se movimentam nos bastidores e as articulações se intensificaram, principalmente a partir desta terça-feira (03).

Entenda o caso

De acordo com as investigações do Gaeco, João Emanuel estaria envolvido em um esquema de “grilagem”. Ele falsificaria documentos públicos de imóveis e os utilizava como garantia para agiotas, a fim de captar recursos para campanha eleitoral de 2014, na qual concorreria ao cargo de deputado estadual.

Os proprietários dos terrenos seriam pagos com ofertas de participação em processos licitatórios fraudados na Câmara Municipal. A gráfica Documento é um dos empreendimentos com participação suspeita em licitações. A empresa venceu o pregão presencial 015/2013 e firmou o contrato 001/2013, o primeiro da atual gestão de João Emanuel. A favor da empresa foram empenhados mais de R$ 1,6 milhão para prestação de serviços gráficos e fornecimento de material de expediente para escritório.