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Quinta-feira, 16 de maio de 2024

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De Cuiabá a Cuba: 2 letras, algumas horas e quinhentos anos de distância

Foto: Lucas Bólico - OD

De Cuiabá a Cuba: 2 letras, algumas horas e quinhentos anos de distância
Após mais de uma dezena de horas, partindo de Cuiabá, chega-se a Cuba, o último pilar do comunismo na América e um dos únicos do mundo ainda em pé. Muito mais que duas letras separam realidades tão distintas. Desembarcar na ilha castrista é quase como atravessar um túnel do tempo.


Os carros que rodam pelas ruas parecem saídos de um museu que remonta à ditadura de Batista. Mas eles certamente saíram da oficina mecânica mais próxima. E quando digo próxima, é próxima mesmo. Em uma volta rápida em um quarteirão da capital avistei mais de três. Também, não deve ser fácil manter essa velharia funcionando.

Preparo a câmera e espero passar um veículo colorido que contraste com o prédio em ruínas ao fundo, que mais parece cenário de O Cortiço. De repente passa um Picanto novinho para me deixar embasbacado. Depois um Hyundai que nem sei o nome do modelo. É o regime calando minha boca. Sinais das tímidas reformas realizadas por Raul Castro, que assumiu a presidência após a convalescência de Fidel. Os carros mais novos, no entanto, ainda são minoria irrisória em Havana.

Em tão poucas horas não dá para conhecer muito de um país. Mas o que não passa despercebida é a lábia do cubano. No Brasil, o carioca é a personificação da malandragem, mas o cubano o deixa no chinelo. Os índices de criminalidade no país são baixíssimos, gaba-se o regime. Deve ser porque aqui não é preciso revólver para tirar o dinheiro do turista, basta um sorriso, outra arma ‘fatal’.

O modus operandi é simples. Eles aproximam-se da isca, geralmente identificada pela cara de bobo, e pela câmara que dispara sem parar. Os ‘nativos’ puxam um papo e logo viram ‘amigos’ de infância da ‘vítima’, que se vê abraçada na conversa, sem nunca conseguir se desvencilhar. Eles têm anos de treinamento, afinal o turismo passou a ajudar a economia estrangulada da ilha na década de 1990, após a ruina soviética.

Se falar que é brasileiro então, o pobre turista ouvirá o nome de todos os jogadores que passaram pela seleção brasileira nos últimos 50 anos, período em que seu interlocutor passou usando o mesmo carro – diga-se de passagem. No final da conversa será difícil conseguir dizer não a uma caixa de charutos ou se negar a pagar um mojito ao novo amigo. Um, dois três... vai por ai.
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