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Segunda-feira, 29 de abril de 2024

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Condições de trabalho: veja o que está por trás dos charutos cubanos

Foto: Lucas Bólico\OD

Condições de trabalho: veja o que está por trás dos charutos cubanos
Só há uma restrição na porta de entrada da Tabacuba – fábrica estatal de charuto de Havana: é proibido entrar com câmera fotográfica. O argumento dado pela direção é que a produção patenteada dos legítimos cubanos pode ser copiada, mas o que a exceção impede é o registro das condições de trabalho do local.


Todos os detalhes da produção são passados aos visitantes e a atenção é voltada para Cohiba, a marca de maior prestígio no mercado mundial e a preferida de el comandante Fidel Castro. A maior grife dos legítimos cubanos é composta por cinco tipos das melhores folhas colhidas na ilha, das quais, duas delas, seco e ligero, que garantem o aroma e sabor, passam por um terceiro processo de fermentação em barris.

A fabricação é feita em um prédio de três andares, em diversas salas fechadas, onde o consumo de tabaco é liberado. O ambiente de trabalho lembra imagens das fábricas da época da revolução industrial. Sentados oito horas por dia em cadeiras estreitas, com pequenas mesas lotadas de prensas, alguns distraídos com fones de ouvidos, os trabalhadores exercem os repetitivos trabalhos de retirar o pecíolo das folhas, separar por cor e enrolar os charutos. A meta individual é enrolar 600 folhas por dia.

“Os funcionários precisam ter a capacidade de diferenciar mais de 60 variações de tonalidades das folhas de tabaco”, informa um dos supervisores. Com apenas uma hora de almoço e 15 minutos de intervalo, cada cubano recebe diariamente 1 CUC (equivalente a 1 dólar) pelo trabalho. Como ‘benefício’ trabalhista, cada um tem o direito de fumar quantos charutos quiser durante o expediente e levar para casa diariamente cinco exemplares, o que subsidia o mercado negro.

É quase impossível dar uma volta por Havana sem ser abordado por um cubano oferecendo charutos mais baratos que os vendidos nos locais que têm autorização do governo. Uma caixa que custa o equivalente a mais de R$ 1 mil pode ser comprada até por menos de R$ 100,00. Mas o comércio tem que ser feito às escondidas, longe das vistas da polícia e dos membros do Conselho de Defesa da Revolução.

Durante a abordagem, os efusivos cubanos falam baixo, olham em volta e negociam. A conclusão da transação sempre é feita dentro das casas dos comerciantes do mercado negro, longe das vistas do público. Os charutos, dizem os vendedores, são parte dos cinco que cada trabalhador tem o direito de levar para casa, o que desmentem os vendedores ‘oficiais’ e os guias de turismo.

“Não comprem charutos nas ruas desses malandros que ficam nas ruas”. Esta é uma das primeiras dicas que se recebe quando se chega a Havana. “Vocês vão levar para casa charutos feitos com folha de banana”, completam os alertas. “Também não comprem no hotel, esperem para comprar na fábrica, onde o produto é mais fresco”, pedem os guias de turismo.

Os preços nas lojas da capital e na venda da fábrica não diferem muito. Os vendedores do mercado negro garantem que os guias ganham comissão por charutos vendidos nas lojas das fábricas, o que justifica o apelo pela compra no local. Na dúvida, o turista que nada entende de tabaco, mas que quer levar charuto tem de ponderar sobre o abismo entre os preços, o risco de comprar no mercado negro e a possibilidade de voltar para casa fumando folha de banana, jurando ser o mais requisitado charuto do mundo.
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