Olhar Direto

Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Notícias | Cultura

OD em Cuba

Sacrifícios de animais e o repórter sem sobrancelha : conheça a Yoruba

Foto: Lucas Bolico - OD

Sacrifícios de animais e o repórter sem sobrancelha : conheça  a Yoruba
Não me pergunte como cheguei aqui, mas estou sentado em uma cadeira tentando decifrar o som que sai da boca de Yaukier Coloroles Ortiz. O negro está sentado no chão na minha frente dizendo algo em um espanhol enrolado e balbuciando palavras em algum dialeto africano. Ele veste um chapéu amarelo e tem o corpo ornado por correntes amarelas. Está conclamando os orixás. Tudo parte de um ritual do Yoruba, uma religião afrocubana que se assemelha ao candomblé conhecido no Brasil.


Para fazer esta reportagem topei me submeter ao rito, que não pode ser fotografado (as imagens que ilustram a matéria foram tiradas antes e depois da cerimônia). Antes de começar, ele diz que nesta religião só são feitos sacrifícios de animais e não de pessoas. Se o objetivo era tranquilizar, não deu certo.

As imagens e peças espalhadas pelo espaço sugerem a presença dos orixás. Oxum, Bandalá, Xangô, Orula, Osum estão sendo provocados por Ortiz. As luzes são apagadas, ele senta-se no chão e me olha fixamente. Seus olhos refletem a luz do fogo da única vela que ilumina o ambiente. A claridade ilumina seu rosto de baixo para cima, o que aumenta o clima místico da situação.

Ele pega a vela e passa pela minha cabeça. Sou obrigado a beijar o pedaço de cera. O barbante em chamas encosta na minha sobrancelha e sinto o cheiro de queimado. Perdi um pouco do pelo sobre meus olhos e a cerimônia segue por mais quase uma hora.

Após falar sobre morte, problemas pessoais e profissionais, o mananga diz que terei prosperidade, saúde e felicidade pelo resto da vida, mas para isso preciso acreditar em tudo o que está acontecendo. Por fim, chega a hora de ver minha ‘cota’ de sacrifícios.

Com o auxílio de rochas, cantos e goles de água em uma meia cabaça, ele diz estar consultando meus parentes já falecidos. Meus ancestrais, segundo ele, não pediram sacrifício nenhum. Comemoro silenciosamente, mas ai chega a vez de ouvir Orula, o ‘rei de todas as religiões’.

Para ter o que me foi prometido, devo fazer dois sacrifícios. Matar quatro galinhas e me casar. “Você precisa de uma noiva”, ele fala. Ao término do ritual, Ortiz tenta marcar a data do sacrifício das galinhas, mas eu ‘escorrego’. Saio da casa dele sem muita certeza se volto ou não para concluir a cerimônia. Tenho curiosidade em ver como tudo é feito e vontade de escrever mais sobre o assunto, mas, confesso, um pouco de dó das galinhas. Mas caso resolva levar o ritual até o fim, escreverei.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet