Durante depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), o filho do desembargador afastado Evandro Stábile, Evandro Vianna Stábile, negou ter participado da negociação do terreno supostamente utilizado em um esquema pelo vereador João Emanuel (PSD) para conseguir financiamentos para bancar a campanha eleitoral de 2014.
Leia mais: MCCE apresenta 3º pedido de investigação contra João Emanuel na próxima terça-feira
Nas investigações do Gaeco, Evandro é apontado como um intermediário entre o suposto grupo criminoso que seria liderado pelo vereador João Emanuel com Caio Freitas, empresário do ramo de factoring identificado nos autos como agiota comprador do terreno de Ruth Hércia da Silva, sem o consentimento dela e com documentação falsificada.
Foi esse terreno que João Emanuel apareceu negociando em um vídeo gravado pela empresária. O parlamentar do PSD estaria tentando evitar que ela exigisse o terreno de volta após descobrir a venda com documento falsificado e, para isso, teria oferecido a possibilidade de fraudar uma licitação na Câmara em favor da empresa dela.
Contudo, além de negar ter participado de qualquer negociação com Caio Freitas, Evandro deixou implícito que o filho de Ruth, Pablo Norberto, é quem teria arquitetado a falsificação do contrato de compra e venda do terreno para poder negociar a área sem a necessidade da aprovação da mãe.
Sócio e amigo
No depoimento, Evandro afirmou que conheceu Pablo em 2009, através de um amigo em comum. Após o processo eleitoral de 2012, ambos decidiram firmar uma parceria para trabalhar com impressão digital de banners e adesivos, já objetivando trabalhos nas eleições de 2014.
A Evandro caberia a parte de vendas, enquanto a Pablo a técnica e operacional, visto que ele já trabalhava no ramo. Para se prepararem adequadamente ao processo eleitoral de 2014, os dois precisariam de um capital de giro de R$ 100 mil. Para conseguir esse dinheiro, Pablo sugeriu vender um terreno que possuía, mas estava em usufruto da mãe, Ruth.
A pedido de Pablo, Evandro consultou uma imobiliária conhecida a fim de saber o que seria necessário para a venda ser concretizada, e aí foi descoberto a necessidade de se conseguir a assinatura de Ruth Hércia. Cerca de dois a três meses depois, Pablo Norberto disse ter resolvido o “problema”.
“Dei um jeito, já pode vender”, teria dito Pablo, que pediu a Evandro para oferecer o terreno a Caio Freitas, de quem o filho de desembargador era amigo. Envandro então perguntou qual era o “jeito” e, sem um resposta concreta, decidiu se manter afastado do negócio, pois não queria prejudicar Caio.
Após essa conversa, Evandro passou cerca de uma semana em São Paulo. Quando retornou foi na sede da empresa e encontrou um Pablo “arrogante” que, de imediato, rompeu a parceria, e questionado sobre ter conseguido dinheiro, teria se limitado a dizer: “Dou meus pulos”.
