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Sábado, 27 de abril de 2024

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Rondoniense faz sucesso em Cuiabá com restaurante que tem tacacá e ‘verdadeiro açaí’

Foto: Bruna Barbosa/Olhar Direto

Rondoniense faz sucesso em Cuiabá com restaurante que tem tacacá e ‘verdadeiro açaí’
Pouco mais de dez dias depois de chegar em Cuiabá por influência do filho, em 2022, a rondoniense Cida Rodrigues, de 53 anos, começou a colocar mesas na frente da casa da família, no bairro Parque Ohara, para servir comidas típicas de sua cidade natal como o tacacá e o “verdadeiro açaí”, que chega à mesa acompanhado de farinha d’água ou de tapioca. Desde então, o quintal se transformou no “Tacacá in Casa”. 

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O filho de Cida foi o primeiro a deixar Rondônia para fazer faculdade em Cuiabá. Depois de se formar, ele começou a chamar a mãe para viver na capital de Mato Grosso, já que acreditava em melhores oportunidades de trabalho na cidade. 

“Meu filho me falou que não iria voltar para Rondônia, porque aqui tinha mais oportunidade para ele, foi nisso que decidi mudar. Disse que sempre que postava que eu fazia tacacá, o povo ficava perguntando, mas não sabia se daria certo. Cheguei em 5 de agosto de 2022, arrumei a mudança, em 18 de agosto já estava colocando as mesas na frente da casa e trabalhando”. 

Em Vilhena, onde estava morando antes da mudança de estado, Cida trabalhava fazendo o tucupi, que é usado para fazer o caldo do tacacá. O tucupi é extraído da mandioca brava, que é ralada, que passa por um processo de fermentação natural e é considerado venenoso até ficar pronto para ser ingerido. 

Tacacá é preparado por Cida em Cuiabá, que apredendeu a fazer o prato quando ainda era criança. (Foto: Reprodução)

O preparo é trabalhoso e são de três a quatro dias “azedando”, mas Cida conta que o tucupi é usado em diversos pratos típicos da culinária nortista. Ele é temperado com ervas como jambu e chicória, que não são encontradas em Cuiabá e, por isso, ela precisa encomendar direto do Norte. 

Para diminuir a dificuldade de acesso aos ingredientes que estava acostumada a ter com facilidade em Rondônia, Cida está tentando plantar jambu em casa. Além de ser usado para o tacacá, pato ou rabada no tucupi também são tradicionais e, eventualmente, entram no cardápio do restaurante. 

A rondoniense aprendeu a fazer o tacacá ainda na infância quando, atraída pelo cheiro do prato típico começou a “rodear” uma das tacacazeiras que trabalhavam perto da escola em que estudava. 

“Tinham tacacazeiras nas esquinas ou nas praças. Tanto que aprendi mais quando estudava, em frente ao colégio tinha uma senhora que vendia o tacacá, como não tinha dinheiro e achava cheiroso, ficava em volta dela, ela pedia para eu pegar uma cuia, uma coisa ou outra. Foi assim que aprendi a fazer, ninguém da minha família fazia”. 

Memória afetiva 

Com um sorriso no rosto, Cida conta que o tacacá é viciante para quem gosta e que, só de relembrar, as bochechas parecem estar “anestesiadas” pelo sabor do caldo. Em Cuiabá, a rondoniense ajuda a matar a saudade de outros nortistas que estão longe de casa, assim como ela e os filhos. 

“É tão gratificante, já vi pessoas chorarem porque lembraram de coisas da família, que estavam aqui há mais de 20 anos sem tomar tacacá. Tem dias que estou muito cansada, mas vejo alguém falar assim, levanto lá em cima. Estou muito feliz em Cuiabá, foi e vai ser para sempre, acolheu a mim e minha cultura”. 

Açaí verdadeiro, jambu e outros ingredientes usado nos pratos são encomendados direto do Norte. (Foto: Bruna Barbosa/Olhar Direto)

Além do tacacá, Cida também tem o “açaí de verdade” no cardápio do Tacaca in Casa. O produto vem direto do Norte e é servido para os clientes com farinha d’água, farinha de tapioca ou açúcar. O tacacá e o açaí são as grandes estrelas do restaurante. “A saída está muito boa, empatado com o tacacá, mas o tacacá ainda é o primeiro”. 

Recentemente, “Voando pro Pará”, da cantora Joelma, viralizou nas redes sociais, aumentando a curiosidade de quem não vive no Norte do Brasil sobre o tacacá, que é citado na primeira frase da música por Joelma. Para Cida, Joelma tem uma relevância ainda maior, já que também leva a cultura do Norte para o mundo. 

“Digo que a Joelma sempre esteve em minha casa, tocava as músicas e a gente dançava, os meninos pequenos batendo cabelo. Ele foi crescendo e sendo fã, viajava para os shows. Ele acompanha a Joelma, foi em show em São Paulo no final do ano. Ela tem muito impacto para o Norte, reconhecimento internacional, não só para mim, como para muitos que estão lutando”.
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