Com dívidas superiores a R$ 124 milhões, a Agropecuária Três Irmãos Bergamasco, formada por uma família de produtores rurais, entrou em recuperação judicial. A decisão que deferiu a medida foi proferida pela juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop, nesta segunda-feira (18).
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O grupo que atua no agronegócio e pecuária está presente nos municípios de Tapurah, Nova Mutum e Porto do Gaúchos, totalizando mais de três mil hectares de terras. Somente neste mês, pelo menos outros quatro grupos do agronegócio no estado ajuizaram processos semelhantes.
De acordo com o processo, a família Bergamasco atua há mais de 50 anos e, apesar da experiência no negócio, sofreu com a baixa produtividade da safra, e o baixo preço das commodities, principalmente nas safras de 2022 e 2023, quando a estimativa de venda da saca da soja era de R$ 150, mas foi comercializada a R$ 100, causando grande prejuízo ao grupo.
No pedido de recuperação judicial, o escritório ERS Advocacia, responsável pelo processo, esclareceu que apesar de toda experiência e dedicação da família ao negócio, os percalços financeiros acabaram cumulando com a dificuldade econômica do Grupo Valter Bergamasco.
Os produtores requereram ainda que seja determinado o impedimento de desfazimento de qualquer bem essencial às atividades dos requerentes, em especial, o sobrestamento de qualquer ato expropriatório ou que retire da posse e propriedade dos devedores, bens e equipamentos essenciais às suas atividades enquanto durar a presente ação.
Em sua decisão, a juíza considerou que o grupo atendeu os pressupostos legais exigidos, visando viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira, de modo a permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da atividade empresarial.
“Defiro o processamento da Recuperação Judicial de Valter Mário Bergamasco, Regis Bergamasco, Roger Bergamasco e Agropecuária Três Irmãos Bergamasco”, proferiu a magistrada.
Recuperação judicial em MT
De acordo com dados do Monitor de Recuperação Judicial no Brasil, somente no 3º trimestre, mais 125 empresas entraram com pedido de recuperação judicial em Mato Grosso. No país, mais de 3 mil empresas ingressaram com o pedido.
Apenas em novembro de 2023, pelo menos quatro grupos do agro ajuizaram pedido de recuperação. No dia 7, a empresa 7SETE AgroIndustrial, propriedade do ex-candidato a deputado federal, Ernando Cardoso, com sede em Cuiabá, acionou 1ª Vara Cível da capital pedindo Recuperação Judicial por dívidas de R$ R$ 69 milhões.
No dia 22, foi a vez da Golveia Holding e Agropecuária entrar com o pedido na 4ª Vara Cível de Rondonópolis, com dívidas declaradas de R$ 617 milhões. O juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, antes mesmo de decidir pelo deferimento do pedido, determinou a blindagem da empresa, o que impede que credores entrem na justiça com ações executivas individuais e suspendeu o cumprimento de mandados de arresto contra a requerente.
O Grupo Caage ajuizou o pedido à 4ª Vara Cível de Sinop por dívidas que ultrapassam os R$ 450 milhões. O Grupo Caage tem atividades nos municípios de Cláudia e Primavera do Leste e atua no plantio de soja, milho e arroz e exploração de eucalipto.
Nesta terça-feira (28), A juíza Anglizey Solivan de Oliveira deferiu, requerimento de tutela de urgência e antecipou o período de blindagem do patrimônio da família Mariussi, enquanto aguarda a juntada dos documentos necessários para análise do pedido de Recuperação Judicial.
Na mesma decisão, a magistrada suspendeu o leilão de lotes da fazenda Terra Nova, que seria realizado para quitar dívida de R$ 17 milhões contraída em 2015 pelo agricultor Orlando Mariussi com a empresa Via Fértil Produtos Agropecuários.