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Sexta-feira, 03 de maio de 2024

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Pedidos de falência caem, mas cautela ainda prevalece

Indicadores de solvência das empresas brasileiras mostraram melhora gradual no último trimestre de 2012, com recuo dos pedidos de recuperação judicial e das requisições de falência na comparação com o terceiro trimestre do ano, segundo a Serasa Experian. Economistas, no entanto, veem os dados com cautela e observam que a receita das empresas continua a ser afetada pelo baixo ritmo de crescimento da atividade, com recuperação em velocidade bastante aquém da imaginada.

A alta e resistente inadimplência dos consumidores e a queda das concessões de crédito livre para pessoa jurídica também afetaram as companhias no ano passado. Em 2012, os pedidos de recuperação judicial saltaram 47% e as falências requeridas 11%, de acordo com dados divulgados ontem pela Serasa.

Segundo a Boa Vista Serviços, o ano passado foi a primeira vez em que houve aumento das falências decretadas, de 8,3% em relação ao ano anterior, desde a aprovação da Lei de Falências, em 2005.

Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa, os pedidos de falência recuaram entre o terceiro e quarto trimestres mais por uma questão sazonal, em função do aumento das vendas com o Dia das Crianças e o Natal, do que por causa da recuperação do crescimento doméstico. Entre outubro e dezembro, foram registrados 427 pedidos de falência, 100 a menos do que o requerido no terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com igual período de 2011, no entanto, houve aumento de 2,9%.

"As empresas tiveram mais encomendas no último trimestre por causa das festas de fim de ano, o que melhora a geração de receita, mas é uma reação por causa da sazonalidade. Temos alguns setores, como bens de consumo, com sinais de recuperação, mas isso não se aplica de forma geral à atividade", afirma.

Para Almeida, bancos mais seletivos na concessão de crédito também prejudicaram a capacidade de financiamento das empresas. Nos cálculos dessazonalizados e deflacionados pela LCA Consultores, a média diária de concessão de empréstimos para pessoa jurídica caiu 2,5% entre outubro e novembro. No acumulado do ano até novembro, o recuo é de 3%, afirma Wermeson França, economista da consultoria. Além disso, segundo Almeida, da Serasa, a desvalorização do câmbio aumentou o passivo das empresas que tinham dívida em moeda estrangeira, o que pode ter agravado esse cenário.

Flávio Calife, da Boa Vista Serviços, nota que nos dados compilados pela instituição, houve também aumento expressivo das solicitações de recuperação judicial, de 54,8% em 2012, na comparação com o ano anterior. "Esste é um pedido que parte da própria empresa, em uma tentativa de reestruturar o negócio. Como as empresas estão mais endividadas, esse instrumento foi mais utilizado", afirma.

O baixo crescimento em 2012, em torno de 1%, é um dos motivos para essa dificuldade, afirma Calife, mas em sua opinião, a inadimplência persistentemente alta também afetou o fluxo de receitas dessas companhias, porque aumenta o calote tomado pelas empresas. Ontem, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgou que a inadimplência no varejo avançou 1,9% em 2012 ante 2011.

Para a economista do SPC Brasil, Ana Paula Bastos, apesar do avanço, o indicador não é preocupante. "O nível de desemprego está baixo e os ganhos salariais têm crescido acima da inflação, o que possibilita ao consumidor ter maior controle sobre o orçamento e uma maior capacidade de quitar os débitos. "

Para Almeida, da Serasa, os indicadores de solvência das empresas devem melhorar gradualmente ao longo de 2013, reflexo da expectativa de aceleração da atividade econômica. "Os juros continuarão baixos, e podemos esperar alguma redução da inadimplência do consumidor. Isso se refletirá de forma lenta e gradual no fluxo de caixa das empresas e, então, nos indicadores de solvência", afirma. No entanto, como as perspectivas para 2013 já foram revistas para baixo e há bastante cautela por parte das empresas, essa retomada também será mais lenta do que anteriormente previsto.

França, da LCA, acredita que esses dados só devem refletir a melhora da atividade no segundo semestre do próximo ano, já que há alguma defasagem entre recuperação e situação de solvência das empresas. Ainda assim, segundo França, a perspectiva de expansão da economia e destravamento do crédito para as pessoas jurídicas melhorará a situação de crédito das companhias. Para Calife, da Boa Vista, o mercado de trabalho aquecido e o bom resultado esperado para o varejo devem levar os pedidos de recuperação judicial a subir menos em 2013 que no ano anterior. (Colaborou Lucas Marchesini, de Brasília)
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