Ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot está disposto a colaborar com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que vai investigar as ligações entre a ampresa Delta e agentes públicos e privados.

Sua convocação por deputados federais e senadores é dada como certa para que Pagot dê sua versão a respeito do fato de ter sido monitorado clandestinamente, por pelo menos dois anos, pelo grupo do contraventor preso Carlinhos Cachoeira, que tinha interesses diretos no Ministério do Transportes.

Luiz Antônio Pagot deverá trazer novas revelações a respeito da pressão que sofria dentro do Dnit para permitir vantagens à empresa Delta em diversas obras.

Após ter revelado que sua demissão do Dnit foi comemorada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, Pagot prefere adotar postura cautelosa, defende a realização de uma CPI dentro do Dnit mas diz, em entrevista à reportagem do Olhar Direto, que é hora de falar pouco.

" A hora é de falar bem pouco. Lembra que eu era o defensor número um da CPI do Dnit? Se nós tivessemos tido a oportunidde de termos a CPI do Dnit, todos estes casos estariam esclarecidos. Então eu estou pronto para responder à CPI. Estou proto para atender a CPI", declarou por telefone.

A deflagração da Operação Monte Carlo indica que Cachoeira trabalhou pela demissão de Pagot e da cúpula do Ministério dos Transportes, ocorrida entre maio e junho de 2011.

Agora, suspeita-se que a Delta pode ter tido acesso a informações privilegiadas de dentro do Dnit, responsável pelas maiores obras da empreiteira.

O ex-diretor-geral do Dnit confirmou ter sido procurado por outros veículos da mídia nacional para repercutir o caso e que, inclusive, um jornalista da revista Época colocou "a gravação" em que Cachoeira e o diretor regional da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, comemoram sua demissã para ele ouvir.

Pagot lamentou a conversa entre Cachoeira e Abreu e disse que o conteúdo terá de ser investigado. O ex-diretor também questiona as dimensões da influência de Cachoeira e Abreu na revista Veja, publicação responsável pelas denúncias que culminaram na sua saída do Dnit.

Durante a entrevista ao Olhar Direto, Pagot reiterou que nunca participou de esquema algum de arrecadação ilícita de recursos para partidos, no caso o PR, e que está respondendo todas as acusações nos órgãos de fiscalização e nos respectivos inquéritos abertos pela Polícia Federal.

Carlinhos Cachoeira foi preso na operação Monte Carlo da Polícia Federal como chefe do jogo ilegal em Goiás. Wladimir Garcez, braço direito do bicheiro, também está preso.