A BR 158 foi fechada há pouco, em dois pontos, (sábado, 23) por posseiros e índios xavantes que vivem na gleba Suia-Missú em protesto contra decisão judicial que determina a desintrusão da área. O grupo de xavantes participa da manifestação, segundo apurou o Olhar Direto, estaria disposto inclusive a "entrar em guerra" contra outros indígenas da mesma etnia contrários à permanência de posseiros. 

O bloqueio teve início por volta das 17 horas deste sábado no Posto da Mata, localizado a 930 km de Cuiabá, com os posseiros proibindo passagem de carros, caminhoneiros e até mesmo de ônibus. O outro bloqueio está ocorrendo no posto Arnô com um grupo de xavantes. 

O tenente da Polícia Militar, Roy, confirmou, por telefone ao Olhar Direto, os bloqueios. “Nós estávamos aguardando essa manifestação para segunda-feira (25), porém os posseiros e índios se anteciparam e bloquearam a rodovia”, informa o militar.

Roy confirmou também a possibilidade de haver um conflito entre os próprios índios, pois um grupo estaria disposto a aceitar uma área no município de Novo Santo Antônio e a abrir mão da 'reserva' na Suiá-Missú. Porém, outro grupo liderado pelo índio Damião não aceita essa hipótese e também fala em conflito "até mesmo com derramamento de sangue".

O bloqueio é organizado pela Associação dos Posseiros da Suiá-Missú, que contaria com apoio de um grupo de mais de 450 índios. O tenente da PM afirmou disse que já comunicou ao governo do estado sobre impasse e avisou a Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a interdição da BR 158.

A interdição da 158 prejudica 13 cidades do Norte Araguaia: São Felix, Alto Boa Vista, Luciara, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, Confresa, Santa Terezinha, Vila Rica, Santa Cruz do Xingu, São José do Xingu, Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada e Bom Jesus do Araguaia.

A PM está a 30 quilômetros do bloqueio e ainda nesta madrugada vai iniciar a negociação para liberação da rodovia. “Eles informaram que vão arrumar banheiros e água para os caminhoneiros” acrescentou o oficial.

Os posseiros querem a presença de autoridades da Funai, governo do Estado e da Justiça Federal para discutir novamente a situação da Suiá-Missú, que no passado foi a maior fazenda do mundo e pertenceu ao Vaticano e depois à Agip (Agência Italiana de Petróleo)/Liquifarm. Hoje, quatro mil pessoas moram na gleba que virou um distrito de Alto Boa Vista.

Primeira atualização às 23h52