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DESINTRUSÃO

Fazendeiro relata ameaça com facão por parte de policiais em Suiá Missú

11 Dez 2012 - 15:45

Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviados especiais a Estrela do Araguaia

“Foi degradante. Foi humilhante. Foi a pior coisa que um ser humano pode ver de uma autoridade. Não sou posseiro, sou fazendeiro. Passar por isso, para mim, é o fim do mundo”, relata, indignado, o pecuarista Antônio Mamed Jordão, 64 anos, sobre a ação das forças policiais para cumprimento de despejo na gleba de Suiá Missú.


Conhecido no povoado local como “Alemão”, sua propriedade foi a primeira a receber os agentes na tarde desta segunda-feira (10) e ele relata ter sido ameaçado ao tentar impedir que sua estrutura fosse usada como base para as forças policiais.

Os 3,5 mil hectares compartilhados por Alemão e seus familiares integram a maior fazenda dentro da gleba, onde a Fundação Nacional do Índio (Funai) demarcou na década de 90 a terra xavante de Maraiwatsede.


Fotos: José Medeiros/ Olhar Direto

Perdida a batalha judicial dos ocupantes não-índios contra a União e a Funai, a desintrusão desses 165 mil hectares no nordeste mato-grossense começou a ser executada nesta segunda-feira pela Força Nacional de Segurança, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.

O comando da operação já havia avisado que as grandes propriedades seriam as primeiras a sofrerem ação policial. Alemão sabia disso e já esperava ser um dos primeiros a ter o desagradável contato com as forças policiais, mas sentiu-se ultrajado quando os agentes, apesar de concederem-lhe 15 dias para desmontar o máximo de estrutura que pudesse da área, anunciaram que usariam seus barracões, suas construções e toda a estrutura de energia e água para uma base operacional.

“Eles viram a minha estrutura, as casas dos peões, turbina de energia, ai veio ver as casas e os galpões, ai falou que ia me dar 15 dias. Eu disse que o prazo não dava porque eu tenho uma estrutura muito grande. Ele disse ‘nós vamos ficar aqui’, ai eu disse ‘como vão ficar?’. Eu falei que eu não permito. O cara falou que eu não tenho que permitir nada por que estou desocupando isso aqui. Aí eu disse que isso estava errado e ele disse ‘cala a boca’. Eu disse que ao invés de me mandar calar a boca, me desse um tiro no meio da cara, um soco”, relata Alemão.

Por ter encarado os policiais e telefonado à associação dos produtores locais para avisar que sua propriedade estava sendo invadida por mais de 30 agentes, o pecuarista lembra que um deles começou a olhá-lo manuseando um facão que guardava junto ao corpo. Irritados, os policiais o acusaram de incitar o povo a reagir contra eles - neste momento, moradores do distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata) se encaminhavam à entrada da fazenda e iniciavam confronto com os agentes.


Fotos: José Medeiros/ Olhar Direto

Alemão lembra que o policial passou um facão em seu rosto e o ameaçou: “Ele disse que se eu falasse mais alguma coisa, eu seria preso”.

“Só porque eu visto aquela farda, eu não vou chegar daquele jeito na sua casa, esfregar o facão no rosto dele dentro da casa dele”, revolta-se Sandra Brito de Moraes, funcionária da fazenda do Alemão. Por sua vez, ele afirma que ainda vai tomar providências jurídicas a respeito do episódio, mesmo sob o risco de receber depois a alegação de que tudo por que passou nas mãos dos policiais, aos 64 anos de idade, não passa de “procedimento padrão”.

Alemão ganhou mais 15 dias de prazo para retirar suas coisas após negociação porque já havia iniciado o desmonte de sua estrutura. Há 18 dias, o fazendeiro está tentando retirar tudo o que pode, mas alega que o prazo é insuficiente. O prejuízo, avalia, deve passar a marca de R$ 25 milhões.
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