Deixando claro o desconforto em se ver obrigado a abordar o assunto, o governador Silval Barbosa (PMDB) negou se sentido pressionado pelo ex-secretário de Fazenda e Secopa, Eder de Moraes Dias, atual presidente do Mixto Esporte Clube, por uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

“Eder é um grande quadro. Técnico preparado. Porém, não posso sequer pensar em indicar ele nem ninguém, porque não existe vaga [de conselheiro] no Tribunal. E, pelo que soube [diante da idade atual dos conselheiros], tão cedo não vai existir”, respondeu ele, diante do questionamento da reportagem do Olhar Direto, durante inauguração da sala Mato Grosso Criativo Incubadora Cultura, na Avenida Getúlio Vargas – área central de Cuiabá.

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Silval Barbosa negou também que esteja articulando uma cadeira para a primeira-dama Roseli da Cunha Barbosa, no TCE. Ele ergueu o dedo e apontou para o secretário de Trabalho e Assistência Social, Jean Estevan Campos, claramente desconfortável, antes de responder aos repórteres.

“A dona Roseli deixou a Setas para cuidar da família e descansar. E não para brigar por outro cargo”, observou ele. “Ela confia muito na competência do secretário adjunto Jean, que está lá desde os tempos da dona Terezinha Maggi e conhece a Setas e seus programas em detalhes”, emendou Barbosa.

Para não ficar mal com o Tribunal de Contas, Silval disse que só voltaria a tratar do assunto quando abrisse a vaga naquela Corte e se ainda fosse governador. “Isso é muito deselegante, porque nem existe o cargo [vago] de conselheiro. Até onde sei, não vai abrir vaga agora”, lamentou Silval.

Nos últimos dias, o ex-secretário da Fazenda cobrou publicamente um compromisso firmado com Silval e o ex-governador e senador Blairo Maggi (PR), em 2009, de que a primeira vaga que abrisse no TCE, para indicação do Poder Executivo, seria de Eder Moraes. Ele chegou a dizer que não aceitaria “ser patrolado”, termo comum na vida pública quando se envia recados por metáforas, em tom de ameaça.

Silval admitiu a existência da conversa, mas não quis descer em detalhes. “Isso só caberia em indagação da reportagem se tivesse vacância em pelo menos uma cadeira do TCE. E não existe. Portanto, insistir é mera especulação”, completou Silval, encerrando a entrevista.

Blairo Maggi atendeu à ligação, mas não quis tratar do assunto. Ele disse ao telefone para a reportagem do Olhar Direto que estava em uma reunião, no Senado, e se comprometeu em retornar o telefonema mais tarde, mas não o fez.

Foi no governo Maggi que Eder surgiu para a vida pública, ocupando os cargos de assessor especial do governador, presidente da MT Fomento e secretário de Estado de Fazenda. Já no governo Silval, Moraes Dias foi secretário-chefe da Casa Civil, presidente da Agência da Copa do Pantanal (Agecopa), secretário de Extraordinário da Copa (Secopa) e de Estado de Articulação Institucional em Brasília.