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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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ligações perigosas

Silval acionou Michel Temer um dia antes de Roseli ser solta por ministro “apoiado” pelo PMDB

Foto: Assessoria

Silval acionou Michel Temer um dia antes de Roseli ser solta por ministro “apoiado” pelo PMDB
As interceptações telefônicas feitas pelo Gaeco com autorização judicial revelam que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) entrou em contato com o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB, um dia antes de sua esposa, Roseli Barbosa, obter um habeas corpus para ser solta.

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O pedido de liberdade de Roseli já havia sido negado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso quando foi acatado no Superior Tribunal de Justiça, em decisão do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, empossado neste ano pela presidente Dilma Rousseff (PT) com o apoio político do PMDB, sob a chancela do ex-presidente José Sarney. Fonseca foi um dos nomes da lista tríplice entregue pelo STJ à presidente. Ele teve 18 votos, mesma quantidade que João Batista Pinto Silveira, ambos com apenas um a mais que Joel Ilan Paciornik (veja matéria da Folha de S. Paulo sobre o caso).

Silval foi gravado pelo Gaeco com autorização da juíza Selma Rosane dos Santos Arruda, em decorrência da operação Ouro de Tolo, que prendeu a ex-primeira-dama no último dia 20 de agosto, e o relatório das interceptações se tornou público quando foi juntado aos autos. Nele é possível entender a estratégia feita por Silval a partir do momento em que o habeas corpus de Roseli foi negado no TJ-MT, no dia 24 daquele mês.

A defesa preparou um recurso para ingressar no STJ e Silval viajou para Brasília, no dia 25, por volta das 13h30, onde primeiro encontrou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e posteriormente manteve seguido contato com a Vice-Presidência da República, por meio da chefe de gabinete de Michel Temer, identificada como Nara de Deus Vieira.

Nesses contatos, Silval manifestou interesse de se encontrar pessoalmente com Temer, reunião que o Gaeco não sabe, com base nas gravações, se de fato ocorreu. Mas uma ligação do final da noite do dia 25, ás vésperas da decisão favorável no STJ, feita de Nara para Silval revela que a chefe de gabinete da Vice-Presidência pediu ao ex-governador de Mato Grosso o nome completo de sua esposa, deixando subentendido, segundo o relatório das interceptações, que estaria passando adiante o nome da paciente.



O Gaeco conclui no relatório das interceptações que as gravações expõem a teia de relacionamentos de Silval com políticos de influência, muitos deles que ligaram para o ex-governador apenas para lhe prestar solidariedade e alguns até aproveitaram para criticar a delação premiada, recurso que foi usado nas investigações da Ouro de Tolo.

“Desses relacionamentos e fácil entrada de Silval com alguns figurões da política brasileira, que aproximamos de conversas comprometedoras no dia 25/08/2015, após a negativa do habeas corpus impetrado pela defesa de Roseli Barbosa junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Na oportunidade, Silval manteve contato com a Vice-Presidência da República, e em tese, buscou junto ao vice-presidente Michel Temes, a sua intermediação em prol do seu interesse em obter a liberdade de sua esposa”, afirma o relatório.

De acordo com o documento, as conversas de Silval com Nara de Deus demonstram com clareza que Silval contatou a Vice-Presidência com o intuito de beneficiar Roseli no julgamento. “Senão fosse isso, por qual motivo Nara Vieira questionaria Silval se poderia falar esse assunto via telefone? E, por que Silval preferiu contatar de um telefone fixo para ligar ao fixo do gabinete de Michel Temer? E ainda, por que Nara Vieira contataria Silval quase às 23h (horário local, de Brasília) para questionar o nome completo de Roseli? Ao realizar tais questionamentos, não há dúvida que o propósito de Silval ao contatar o vice-presidente da República, não é outro senão a liberdade de sua esposa”, informa o Gaeco.
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