O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, afirmou ontem que as empresas deveriam investir mais em seus trabalhadores não só para aumentar sua produtividade como para diminuir o Custo Brasil. “São mais de R$ 100 bilhões por ano se somados os valores do sistema de saúde, do sistema de previdência e até mesmo os prejuízos das empresas, por conta de um ambiente de trabalho que não é seguro, maltrata o trabalhador e que o leva a perder, inclusive, a capacidade laborativa.” A afirmação foi feita durante entrevista ao Jornal da Record News, edição de quarta-feira (12).

A entrevista teve como tema as más condições de trabalho em frigoríficos. O setor é um dos que mais apresentam doenças do trabalho, acidentes e afastamentos, e o motivo é o descumprimento das regras de proteção do trabalhador de ambientes artificialmente refrigerados.

Luís Camargo destacou que a principal regra que os frigoríficos descumprem é o artigo 253 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que prevê um descanso de 20 minutos em ambiente não refrigerado a cada uma hora e quarenta minutos trabalhada em câmaras frias. “As empresas não concedem este intervalo e o Ministério Público do Trabalho tem buscado no judiciário trabalhista a reparação e a cessação dessa ilegalidade. Felizmente, temos obtido sucesso nas ações trabalhistas com relação ao intervalo do art. 253 da CLT”, disse.

Trabalho escravo – Com transmissão exclusiva pelo site R7, Luís Camargo conversou com o jornalista Heródoto Barbeiro sobre trabalho escravo. Ele destacou que nos últimos anos o número de trabalhadores resgatados vem diminuindo, o que significa que a prática tem diminuído, pois o número de operações conjuntas entre Ministério Público do Trabalho, Polícia Federal e Ministério do Trabalho e Emprego vem se mantendo ano a ano. “O Brasil está fazendo a lição de casa. Estamos avançando seguramente para erradicar a situação de trabalho escravo contemporâneo”, afirmou.