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OPERAÇÃO ARCA DE NOÉ

Eliene Lima afirma nunca ter suspeitado de José Riva e diz torcer por inocência de ex-colega

29 Jan 2016 - 08:20

Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Eliene Lima afirma nunca ter suspeitado de José Riva e diz torcer por inocência de ex-colega
Com um histórico de 12 anos atuando na Assembleia Legislativa (AL), o ex-deputado Eliene José de Lima (PSD) prestou esclarecimentos, como testemunha, na tarde desta quinta-feira (28), em audiência de instrução e julgamento do processo oriundo da “Operação Arca de Noé”, o qual figura o ex-deputado José Geraldo Riva como réu e figura central em um suposto esquema de emissão de cheques para empresas fantasmas. Entretanto, Lima, que foi o primeiro a chegar ao Fórum de Justiça, afirmou desconhecer ou não se lembrar de nada relacionado ao caso durante sua gestão na AL. Ao Olhar Jurídico, revelou que espera que seu ex-colega seja inocentado. Além de Lima, o ex-vice governador Francisco Tarquínio Daltro, o “Chico Daltro” (PSD) e o ex-deputado Hermínio J. Barreto (PR) não foram intimados para comparecer à audiência.

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Marcada para as 15h30, a audiência de instrução e julgamento de José Riva se iniciou apenas as 16h45, quando o réu adentrou o recinto, sem algemas. A imprensa foi novamente proibida de produzir imagens dos réus e das testemunhas.

De acordo com o advogado de defesa de Riva, Walber Melo, Chico Daltro não foi intimado para comparecer na tarde de hoje. Procurado pela justiça, a testemunha arrolada no processo não aparentava estar em casa. Da mesma forma, Jota Barreto não esteve presente na audiência de hoje. De modo que Riva não foi ouvido. Em respeito à prerrogativa de que o réu só pode se manifestar ao final do processo de audiência das testemunhas. Desse modo, a juíza Selma Arruda decidiu redesignar para 23 de março, as 14h30, a audiência que ouvirá Chico Daltro e à Barreto, uma carta precatória será enviada para que ele seja ouvido na Justiça pela comarca de Rondonópolis.
Antes do início da audiência, Eliene Lima falou com a imprensa:

Perguntado da razão de ser testemunha no caso, Lima afirma. “Não tenho a menor ideia. Eu fui chamado para testemunhar e eu nem sei do que se trata (a ação). Gostaria até que vocês (imprensa) me adiantassem sobre o que se trata”. “Eu nunca tive nenhuma indução a mudar daquilo que eu tinha consciência. Tudo agi conforme minha consciência. Até estranho porque apareceu minha indicação para ser testemunha no caso”.

Sobre Riva e o ex-deputado, Humberto Bosaipo, Lima avalia: “Eles eram lideres que conseguiram convencer o colegiado a chegar à presidência e secretaria, ou vice versa, mas não me lembro de algo que tenha causado espanto quando a legalidade, quando eu estava por lá”, conclui.

Entrevista ao Olhar Jurídico:


Como era sua relação com Riva?

“Eramos colegas, chegamos juntos na AL, em 1995, e eu diria que é uma liderança humilde e carismática e que conseguiu exercer ali uma liderança grande ao ponto de continuar como presidente ou secretário muitos anos, pela solidariedade, pela forma como tratava as pessoas. Eu só vejo dessa forma”.

E, por esse carisma, e após tantos anos juntos, nunca percebeu que haveria (posteriormente) tantas acusações contra ele?

“Por incrível que pareça eu não tive essa percepção. Com certeza. Acho estranho e quero esperar até o final do julgamento, pois acho estranhas tantas imputações contra ele".

Acredita que ele é inocente?

“Torço para que ele seja”.

Testemunha em juízo:

Questionado se conheceu Riva ao longo de sua vida pública, Lima afirma que sim. “Conheço, convivemos 12 anos juntos, como companheiros de partido. Pessoa muito amiga minha. É meu amigo”, afirma. Por esse ponto, foi interrogado se a dita amizade se estendia à prestação de favores. “Excluindo prestação de favores, somos amigos sim”, nega.

A partir de ponto, uma sequencia de negativas foi manifestada por Lima. Questionado se, nas funções que cumpriu na mesa diretora, o qual admite ter cumprido “algumas vezes”, negou que soubesse como os pagamentos da AL eram realizados. “Não tinha conhecimento de que forma se realizavam as operações”. Entretanto admite não se recordar de ter recebido salários em cheque, apenas via depósito bancário.

Perguntado sobre o papel cumprido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) durante gestão de Riva na presidência, afirma que “quaisquer questionamentos eram feitos e esclarecidos e (as contas) aprovadas”. Uma vez que, afirma. “Confiabilidade é uma prática na AL”.

Questionado se já havia reclamado de ausência de materiais de trabalho na AL, se já viu Riva sendo abordado por empresários ou negociando vantagens, nega.

Atuante quando fora deflagrada a “Operação Arca de Noé”, Lima afirma que “soube pela mídia” e que “não se lembra” de como, exatamente, a AL reagiu ao caso. Entretanto, “cheguei a externar preocupação, para que a AL expressasse sua melhor imagem”, conclui.

Entenda o Caso:

A Operação Arca de Noé, deflagrada em 2002 pela Polícia Federal em conjunto com outros órgãos de investigação para desmantelar o crime organizado em Mato Grosso chefiado na ocasião pelo bicheiro e agiota João Arcanjo Ribeiro. Contra Riva pesam denúncias de que enquanto presidente e 1º secretário da Assembleia Legislativa, autorizou a emissão de cheques para empresas fantasmas, os quais foram descontados nas factorings de João Arcanjo e assim quitar dívidas de campanha eleitoral e desviar dinheiro público.
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