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​Personalidade do ano

Perri revela pressões e diz que delegados estavam a um passo de resolver grampolândia

02 Jun 2018 - 17:04

Da Reportagem Local - Érika Oliveira/Da Redação - Lucas Bólico

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Perri revela pressões e diz que delegados estavam a um passo de resolver grampolândia
O desembargador Orlando Perri foi premiado na noite de sexta-feira (1) com o troféu de personalidade do ano, do GW100 Awards, pelo trabalho desenvolvido no ano passado nas investigações das interceptações telefônicas ilegais operadas em Mato Grosso por um núcleo da Polícia Militar. O caso saiu das mãos de Perri quando o ministro do Superior Tribunal de Justiça Mauro Campbell avocou as investigações por encontrar indícios de participação do governador Pedro Taques (PSDB).  De acordo com Perri, os delegados de MT só precisavam de mais um dia para resolver o caso.
 
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“Eu digo que os delegados de policia, se tivessem eles mais 24 horas, eles teriam a resposta que a sociedade está reclamando”, lamentou Perri.  Nessa investigação específica, estavam em análise cerca de 230 interceptações telefônicas. Esse número, segundo Perri, é muito maior. “Nós oficiamos as operadoras de telefonia e verificamos que nos últimos 2 anos e meio foram realizados aproximadamente 70 mil interceptações telefônicas no Estado de Mato Grosso”, revela. O que ainda não se sabe é quantas desses “grampos” são clandestinos.
 
Perri revelou bastidores da investigação, em autoridades foram pressionadas para que o caso não pudesse ser resolvido. “As pressões foram muitas, de todos os lados. Verdade é que não havia interesse nenhum em se investigar a situação da grampolândia pantaneira. Então, nós lutamos contra todas as adversidades”, relembrou. Segundo Perri, inúmeros delegados de polícia se recusaram a assumir as investigações.
 
“Tivemos dificuldades inclusive de ter delegados de polícia que aceitassem participar dessas investigações e aqui eu quero ressaltar mais uma vez o trabalho maravilhoso dos delegados que estiveram à frente, que conseguiram avançar nas investigações e digo a vocês que nós estivemos próximos, muito próximos de desvendar toda a situação da grampolandia pantaneira. Pelo menos naquela que diz respeito às interceptações realizadas em Cáceres pelo sistema sentinela”.


Orlando Perri, escolhido personalidade do ano, ao lado de Izabel Coutinho, diretora do Olhar Direto, site homenageado pelo pioneirismo na comunicação mato-grossense. (Foto Edson Rodrigues).

Esse trabalho, que rendeu o prêmio, foi um dos mais complicados da carreira do magistrado. “Foi uma das investigações, um dos casos mais emblemáticos e mais difíceis de conduzir que eu tive nos meus 34 anos de magistratura. Todos sabem das dificuldades que nós tivemos em proceder essas investigações e digo, de peito aberto, que não fosse o destemor dos delegados que tiveram à frente dessas investigações e aqui eu poderia citar pelo menos três, doutor [Flávio] Stringuetta, doutora Ana Cristina Feldner e o doutor Juliano [Carvalho] nós não teríamos atingido o nível das investigações que nós chegamos.
 
Perri ainda afirmou que acredita no trabalho do ministro Mauro Campbel, que agora conduz o caso com a Polícia Federal. “Jamais ele avocaria [o caso] se ele não entendesse que tivesse envolvimento do governador Pedro Taques. Isso está muito claro, avocou-se porque entendeu-se que pode ter tido participação do governador Pedro Taques. Não disse que teve, mas que o ministro assim o fez por considerar essa possibilidade”.
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