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Sexta-feira, 24 de maio de 2024

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CONSTRUÇÃO DE ESTAÇÃO

Famílias que ocuparam área do BRT durante pandemia sairão do local após acordo que garante aluguel social

Foto: Arquivo Pessoal

Famílias que ocuparam área do BRT durante pandemia sairão do local após acordo que garante aluguel social
A Defensoria Pública de Mato Grosso conseguiu um acordo com o Governo do Estado para que 43 famílias recebam um aluguel social, sob valor de R$ 600, durante seis meses, para desocupação de uma área pública onde será construída uma estação do BRT. A ocupação irregular acontece desde 2020. Após o término dos pagamentos de aluguéis, as famílias deverão receber uma casa em Várzea Grande, escriturada em seus nomes.


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O acordo foi firmado na 4ª Vara de Fazenda Pública de Cuiabá, na semana passada, quando o juiz Antonio Horácio da Silva Neto comunicou às famílias sobre a decisão de desocupação. A área é no bairro Ouro Fino, em Cuiabá, e foi habitada por várias famílias que perderam o emprego na época da pandemia ou que não tinham moradia. 

A defensora pública que atua com processos da fazenda pública contra o Estado, na 9ª Defensoria do Núcleo Cível de Cuiabá, Fernanda Maria Cícero de Sá França, explica que a decisão de desocupação foi dada em segunda instância e que a Defensoria Pública foi procurada pelas famílias, agora, na fase da execução da desocupação. 

“Fomos na audiência para garantir que o processo fosse feito sem violência, de forma humanizada e deixamos o local com um acordo firmado para que essas famílias tenham uma casa. Até lá, terão o aluguel social. Ficamos muito felizes com o resultado, assim como a maioria das pessoas que terão que deixar a área. Para deixar o local, no entanto, elas terão que receber a primeira parcela do valor. As famílias ali têm crianças, idosos e pessoas com deficiência, então, vamos acompanhar de perto a execução do acordo”, conta Fernanda.
 
No acordo, o Governo do Estado, via Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) comprometeu-se a viabilizar a construção das casas para as 43 famílias cadastradas, em área que será doada pela Prefeitura de Várzea Grande. E também a pagar o aluguel social, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc).

A Prefeitura de Cuiabá se comprometeu a viabilizar o transporte para a retirada das famílias para onde ficarão, cinco dias após o recebimento da primeira parcela do aluguel social.

Para a dona de casa Cícera dos Santos Gomes, 24 anos, o acordo é a esperança dela ter uma casa de verdade e voltar a trabalhar como manicure.

“Eu moro num barraco de um cômodo, desde 2020, quando a casa de minha sogra ficou apertada para nós, com o nascimento do nosso segundo filho. Lá éramos três famílias, a dela, a do meu cunhado e a minha. Então, soubemos dessa invasão. Aqui, estávamos levantando um banheiro de alvenaria e mais um cômodo, mas soubemos da decisão de desocupar e paramos tudo. Se o acordo for cumprido, ficaremos muito melhor numa casa, mesmo em Várzea Grande. Estamos felizes”, avalia.

A defensora pública explica que a maioria das famílias que estão no local perderam o emprego em 2020 e, desde então, foram para a área em busca de moradia.
 
“Quando passei a atender essas famílias, deixei claro para elas que a legislação brasileira define como ilegal ocupação de área pública e que, nesses casos, não existe indenização para benfeitorias construídas, nem existe a figura da posse por usucapião. Isso está no texto da Constituição e em súmulas do Superior Tribunal Federal (STF). Diante disso, só nos restava um acordo. No último momento, conseguimos esse resultado, que do meu ponto de vista, é uma vitória”, concluiu.

As casas terão padrão de habitação social e a execução do acordo terá que ser comunicada ao juiz, que fará o acompanhamento a cada passo. A defensora informa que, a partir de agora, também acompanhará o cumprimento das decisões de perto, como defesa das famílias.

"Após o pagamento do primeiro aluguel social, aquela família que, porventura, se recusar a desocupar voluntariamente o imóvel será retirada dele de forma compulsória com uso da força policial e também perderá os benefícios do acordo”, determinou o juiz.
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