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Sábado, 27 de abril de 2024

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nove anos depois

Ex-seminarista acusado de matar pai e madrasta vai a júri

Foto: G1 São Paulo

Ex-seminarista acusado de matar pai e madrasta vai a júri
Nove anos após o assassinato do pai e da madrasta, o estudante e ex-seminarista Gil Rugai, acusado de ter cometido o crime vai a júri popular. Ele chegou por volta das 10h desta segunda-feira (18) ao Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. “Estou tentando ficar tranquilo, mas está difícil. A defesa vai provar [a inocência]. Estou bem confiante. Não tem provas, eles têm algumas suspeitas”, disse.

Acusado de matar o pai e madrasta, o estudante e ex-seminarista Gil Rugai O réu, que atualmente tem 29 anos de idade, sempre negou o crime, ocorrido em março de 2004. Ele, que já chegou a ficar preso por dois anos durante o processo, responde em liberdade. Na tentativa de despistar a imprensa, a defesa colocou o irmão de Gil Rugai, que se parece muito com o acusado, para passar próximo aos repórteres e organizou a entrada do réu por uma porta lateral, acompanhado da mãe. 

Segundo informações do G1, caberá a sete jurados no Fórum da Barra Funda decidirem, a partir das provas da acusação e da defesa, se Gil Rugai matou ou não pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta Alessandra de Fátima Troitino. O crime ocorreu por volta das 21h30 de 28 de março de 2004. Além do homicídio, Gil Rugai também é acusado do estelionato. Ele poderá ser condenado ou absolvido pelo júri popular.

O promotor Rogério Leão Zagallo afirmou, nesta manhã, antes do início do julgamento, que tem provas de que o ex-seminarista cometeu o crime. Ele espera que os jurados condenem o réu e que a justiça aplique uma pena dura. “No meu entendimento, o crime de homicídio doloso tem que ser respondido à altura. Algo em torno de uma condenação de 30 de reclusão”, disse. Segundo a promotoria, caso seja condenado, Gil Rugai deverá sair preso do fórum. A defesa, no entanto, já adiantou que em uma eventual condenação irá pedir para o réu que, já responde ao processo em liberdade, continuar solto.

A defesa de Gil Rugai disse que irá derrubar as argumentações da Promotoria e que vai apresentar dois nomes, que já constam no inquérito, que deveriam ser investigados como suspeitos. Thiago Anastácio, um dos advogados do estudante, afirmou que os nomes serão explicitados apenas no plenário.

Desvio

Ubirajara Mangini, advogado da família de Alessandra e assistente da acusação, contou que os seus clientes não devem comparecer ao júri. “Para mim, o crime não foi movido por vingança. Ele matou a Alessandra e Luiz porque foi descoberto pelo pai que ele desviou dinheiro da empresa, falsificou assinatura do pai e tinha medo de ser preso por conta disso”, afirmou.

Para o advogado, o desvio está comprovado nos autos. “Há prova de que houve desvio e de que o pai proibiu que ele fizesse qualquer movimentação dentro banco”, disse Ubirajara. Segundo ele, Alessandra assumiu a função de Gil como diretora financeira. Mangini destacou ainda que Luiz iria tomar medidas judiciais contra o filho. “A vingança não está colocada no processo, mas veio um sentimento de revolta e o medo de ser preso”, declarou.
Já o perito Ricardo Molina, que auxilia a defesa do Gil Rugai, afirmou que “o caso está todo errado do começo ao fim”. “Inferências são transformadas em evidências. A perícia é ridícula”, declarou. Ainda segundo Molina, a linha de investigação que poderia ser tomada, onde havia provas concretas que apontavam em outra direção, não foram adotadas para que a acusação continuasse pairando sobre Gil.

Crime

O casal foi morto com 11 tiros na residência em que morava na Rua Atibaia, em Perdizes, na Zona Oeste da cidade. No mesmo processo pelo homicídio, Gil Rugai responde ainda a acusação de ter dado um desfalque de mais de R$ 100 mil, em valores da época, à empresa do pai. Razão pela qual havia sido expulso do imóvel cinco dias antes do crime. Ele cuidava da contabilidade da ‘Referência Filmes’.

Contra o réu, a Promotoria diz ter como provas: a arma do crime, achada no prédio onde Gil Rugai mantinha um escritório e uma pegada na porta da casa das vítimas que foi arrombada pelo assassino. Quem acusa é o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo.

O julgamento de Gil Rugai já foi adiado por duas vezes, em 2011 e 2012, por causa de pedidos da defesa, que solicitou à Justiça a realização de um novo exame de DNA do sangue recolhido na cena do crime e do acusado. Além disso, pediu esclarecimentos de um perito.

O risco de um novo adiamento é possível. Para isso, as partes envolvidas no processo teriam de alegar algum problema para a realização do júri. Por exemplo, a ausência de alguma das testemunhas.
Segundo o TJ, 15 testemunhas (5 de acusação, 9 de defesa e uma do juízo) serão ouvidas no julgamento. Os nomes não foram informados pela assessoria do tribunal.

Uma das testemunhas que serão ouvidas é o vigilante Domingos Ramos de Oliveira Andrade. No processo, ele relatou que viu Gil Rugai e uma outra pessoa não identificada saírem juntos da casa das vítimas na noite do crime.
A Polícia Civil, no entanto, só conseguiu apontar o estudante como o principal e único suspeito pelos assassinatos. A única pessoa investigada como suposta comparsa de Gil Rugai foi Maristela Greco, mãe do estudante. Mas como ela apresentou um álibi que convenceu os investigadores e foi descartada a participação dela no crime.

Em entrevista ao Fantástico em 2004, Gil Rugai negou ter matado as vítimas. "Nunca conseguiria fazer isso. Nunca conseguiria matar uma pessoa, imagina, é absurdo", disse o estudante naquela ocasião.

A estratégia da defesa no júri de Gil Rugai será a de desqualificar as provas apresentadas pelo Ministério Público, negando que seu cliente matou o pai e a madrasta ao afirmar que o relacionamento dele com as vítimas era bom. Também dirá que a pegada na porta não é do réu e que o estudante estava em seu escritório quando o crime ocorreu. Sobre a arma do assassinato, dirá que ela foi ‘plantada’ pela polícia.

Gil Rugai chegou a ficar preso entre 2004 e 2006, mas teve a liberdade concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em 9 de setembro de 2008, no entanto, ele voltou à cadeia depois de ter o pedido de liberdade provisória revogado a pedido do Ministério Público, por ter mudado de cidade sem avisar o juiz. A defesa recorreu e o estudante foi solto em 10 de fevereiro de 2010.

Atualmente, o réu mora com a avó materna, Conceição, em uma casa no bairro do Sumarezinho. Procurados recentemente na residência, uma empregada afirmou que nenhum dos dois morava no local. Vizinho dizem que ele não estuda mais Teologia e nem trabalha. Sua rotina ser resumiria a ir à missa todos dias.
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