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Domingo, 28 de abril de 2024

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SALVOS

Confira aqui algumas histórias dos jovens que viraram 'anjos da guarda'

Foto: Arquivo Pessoal

Estudante Rafael Dorneles que fez o salvamento de uma pessoa e voltou para buscar outras vítimas e acabou morrendo

Estudante Rafael Dorneles que fez o salvamento de uma pessoa e voltou para buscar outras vítimas e acabou morrendo

Alguns estudantes e frequentadores da Boate Kiss, na noite que vai marcada na história do Brasil lembrando uma das maiores tragédias já acontecida, relembram como foram salvos e quem foram seus "Anjos da Guarda" durante o corre-corre na saída da Boate. 

 
Reforma em banheiros pode ter confundido vitimas de incêndio

A estudante de Ensino Médio Pâmela Vedovotto Machado, 19 anos, só está viva porque um desconhecido decidiu atravessar a boate Kiss carregando-a nos braços, em meio à fumaça e ao pânico. O herói, Rafael de Oliveira Dorneles, 31, depositou-a sã e salva na calçada e deu meia volta para mergulhar de novo no inferno de fumaça, ansioso por resgatar outras pessoas. Ele não retornou mais.

Pâmela foi à casa noturna para celebrar o aniversário de uma amiga. Ela conta que a boate estava tão lotada que não se podia dançar, ir ao banheiro, subir as escadas. A estudante posicionou-se ao lado do palco. Na hora do tumulto, foi empurrada contra uma armação de metal e ficou ali, esmagada pela massa humana. Asmática, não conseguia respirar. Apenas gritava por socorro, desesperada.

Nesse momento, surgiu Rafael.

“No meio da correria, ele viu que eu passava mal. O fogo estava alto. Pingava uma água esquisita do teto. Ele foi afastando as pessoas, me tirou dali, perguntou meu nome e disse para eu ter calma”, relata Pâmela.

Rafael ergueu a parte inferior do vestido da jovem, de modo que o tecido cobrisse seu rosto e ela não aspirasse fumaça. Agarrou-a por trás, passando os braços de Pâmela sob suas axilas e apertando-os no peito. Com Pâmela firme junto de si, começou a abrir caminho. Havia muita gente no chão, desmaiada. Eles tropeçavam nos corpos. A cada queda, Rafael erguia Pâmela e assegurava:

“Estamos quase chegando”.

Quando depositou Pâmela em segurança no lado de fora da boate, na calçada, ele anunciou:

“Vou voltar para pegar meus amigos”.

“Não! Não vai, pelo amor de Deus!”, implorou Pâmela.

“Tenho de ir”, disse ele.

A lembrança seguinte da estudante foi despertar no hospital, com ferimentos pelo corpo. Depois da alta, na tarde de domingo, foi atrás da lista com o nome dos mortos. Lá estava o nome: Rafael de Oliveira Dorneles.

“Quase morri quando soube. Se não fosse por ele, eu não teria sobrevivido. Foi um anjo que me apareceu. Não sei por que me escolheu, só sei que me salvou”, desabafa Pâmela.

Um dos primeiros a chamar por socorro

O estudante de Educação Física Vinícius Montardo Rosado, 26, foi na Kiss com a irmã, Jéssica, 24, e um grupo de amigos. Na hora do incêndio, ela estava junto ao palco e ele, no andar superior.
Jéssica testemunhou o início do incêndio e foi uma das primeiras a sair, quando não havia tanto atropelo. Do lado de fora, ligou para o celular do irmão, que estava desligado. Quis buscá-lo, inalou fumaça na entrada do recinto, foi retida pelos policiais. Mas logo recebeu notícias tranquilizadoras: vários conhecidos diziam que o irmão estava bem, que o haviam visto fora da boate e que ele estava ajudando nos resgates.

O tempo passou e Vinícius não reapareceu. A família procurou nos hospitais, em vão. No fim, souberam que o corpo dele havia sido encontrado a poucos metros da porta.

“No velório, as pessoas diziam que ele tinha salvo 14 pessoas. Acredito que saiu, viu que os amigos haviam ficado lá dentro e voltou. Era uma pessoa que nunca estava triste, que acordava e dormia cantando”, conta Jéssica.

Um dos primeiros a conseguir sair da boate, o estudante de Medicina Murilo de Toledo Tiecher, 26 anos, acredita também ter sido um dos primeiros a chamar o Corpo de Bombeiros em busca de socorro.

Ao mesmo tempo, ele tentava achar os amigos que, assim que iam saindo, se uniam para auxiliar outras pessoas. A fumaça e o calor chegaram a um ponto em que entrar novamente na boate podia determinar o fim da vida. Angustiado por não ver um deles, teve de esperar a chegada dos bombeiros para salvar o amigo de infância.

“Tinha gente que salvamos e que encontramos no hospital”.
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