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R$500 mil

“No segundo cheque começamos a achar estranho", explica empresário sobre operação Sodoma; veja entrevista

10 Ago 2016 - 11:31

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia Teixeira / Olhar Direto

Frederico Muller, em audiência

Frederico Muller, em audiência

"O primeiro cheque era bom. Era da Tractor Parts, mas já no segundo, começamos a achar estranho...”, explica Frederico Muller Coutinho, empresário no ramo de factoring que testemunhou na tarde desta terça-feira (9) na Sétima Vara Criminal, no Fórum da Capital. Antes dele, também foi ouvido pela magistrada Selma Rosane Arruda seu primo e ex-sócio, Filinto Muller. Ambos receberam seis cheques do procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Filho (vulgo “Chico Lima”), totalizando R$ 500 mil. A transição fazia parte do esquema de fraudes, desvios e lavagem de dinheiro desbaratado pela “Operação Sodoma”. Delator premiado, Frederico está livre de acusações, mas sente o desgaste. “Infelizmente fomos puxados para aquela situação”. Ele falou com exclusividade ao Olhar Jurídico na manhã desta quarta-feira (10).


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Frederico Muller Coutinho explica que foi, junto ao então sócio, Filinto Muller, abordado por “Chico Lima” para que fizessem operações comerciais para ele. Ao todo, seis cheques foram entregues para compensações. O dinheiro, teria explicado Lima, era fruto de criação de gado e imóveis em seu nome. Entretanto, tudo deveria ser feito sem qualquer registro (como recibo) . Questionado se foram ludibriados pelo procurador aposentado, Frederico afirma que de certa forma sim, pois “Chico Lima não foi claro” em sua proposta. “O primeiro cheques era bom, era um cheque da Tractor Parts, tinha outro da PCP Máquinas”, fazendo aquela referência à empresa de João Batista Rosa, também delator, suposto beneficiário de incentivos fiscais da gestão de Silval Barbosa e hoje testemunha na condição de vítima da “Sodoma”.

“Já no segundo cheque começamos a achar estranho...”, mas diz que até dezembro de 2012 não fazia ideia do envolvimento do grupo político do então governador com a operação comercial que faziam, porém “no segundo ou terceiro cheque ficou claro que títulos tinham a ver com o grupo político de Silval”.

“No último cheque Filinto permitiu que pagamentos fossem feitos acima do valor dos cheques”, revela Frederico, em queixa a seu ex-sócio e primo. Explica que pagamentos pessoais passaram a ser feitos pela dupla a Chico Lima, incluindo despesas com filhos do procurador aposentado. “Mas ele não queria documentar nada”, pois as operações de cheques envolviam o grupo de Silval Barbosa e por isso, Chico Lima não poderia assumir sozinho as dívidas, que já somavam R$ 90 mil. No fim, diz Frederico, Filinto Muller acabou assumindo a dívida e ele acredita que tenha sido quitada posteriormente.

Pouco tempo depois de encerradas as operações comerciais para a “Sodoma” do ex-governador, a dupla foi desfeita. Frederico nega, entretanto, que isso tenha relação com o envolvimento da empresa com o maior esquema de fraudes e lavagem de dinheiro da história de Mato Grosso. “Foi uma disposição pessoal dele (Filinto Muller)”.

Sobre João Batista Rosa, empresário proprietário da Tractor Parts, envolvida na “Sodoma”, cujo primeiro cheque caíra nas mãos de Frederico, o mesmo avalia: “O João Batista nada mais é que uma vítima de extorsão”.

Sobre a audiência de ontem, diz ter sido tranquila. “Apenas confirmamos os fatos ditos e confirmados anteriormente” ao Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A "Operação Sodoma 2" apura conduta dos membros da organização criminosa na utilização de recursos provenientes do pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Os trabalhos são desdobramentos das investigações relacionadas à concessão fraudulenta de incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).

Investigações apontaram que parte dos cheques repassados como pagamento de propina a servidores públicos foram utilizados para aquisição de um imóvel localizado na Avenida Beira Rio, bairro Grande Terceiro, em Cuiabá, por R$ 13 milhões.
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