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OPERAÇÃO SODOMA

Nadaf admite compor organização criminosa e promete devolver dinheiro desviado; veja vídeo

15 Ago 2016 - 13:59

Da Redação - Lázaro Thor Borges/ Reportagem local - Paulo Victor Fanaia

Foto: Paulo Victor Fanaia

Nadaf admite compor organização criminosa e promete devolver dinheiro desviado;  veja vídeo
Em interrogatório que começou às 13h30 da tarde desta segunda-feira (15) o ex-secretário Pedro Nadaf confessou sua participação no esquema de corrupção investigado pela Operação Sodoma. Nadaf também detalhou a liderança do ex-governador Silval Barbosa na organização criminosa. 

 
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O réu contou que entrou no governo à pedido do próprio Silval e que trabalhou com ele para angariar recursos junto às empresas para sua campanha de reeleição. Nessa fase obteve R$ 12 milhões em recursos. Segundo Nadaf, outra motivação da montagem do esquema foi o fato de Silval sofrer ameaças de morte por conta de uma dívida de campanha de R$ 2 milhões.

Ele e o ex-secretário Marcel de Cursi foram acionados pelo governador em "regime de urgência" para montarem um esquema de cobrança de propina através da concessão de benefícios fiscais ao empresário João Batista Rosa, que é delator na Sodoma. Ao ser questionado por Selma Arruda sobre quem era o agiota a quem Silval devia o dinheiro, Nadaf salienta que prefere não falar. "Isto é objeto de outra investigação", avisa o ex-secretário. 

Na confissão, ele também prometeu entregar seus bens à justiça para que seja leiloado e possa ressarcir os danos causados aos cofres públicos. A audiência é coordenada pela juíza Selma Rosane de Arruda na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). 

Acompanhe

13h58
- “Hoje está fazendo exatamente 11 meses que eu estou preso”, abre dizendo Pedro Nadaf. Ele acrescenta que tem feito muita reflexão nessa época. “Isto me trouxe muito arrependimento pelo que fiz contra o Estado. Estou muito arrependido”.

Ele diz que gostaria de ter desde o início confessado tudo, mas à pedido da defesa preferiu negar a verdade. “Eu peço desculpas ao povo matogrossense”. A partir de agora em todos os processos eu vou assumir a culpa”.

“Eu fiz parte de uma organização criminosa que roubou os cofres públicos”, dispara.

Ele ainda prometeu apontar quem fez parte do esquema com ele. Questionado se a denuncia sobre esquema de fraudes da Sodoma é verdadeiro, confessa: “é verdadeira”. Nadaf narra que entrou no governo à pedido do próprio Silval Barbosa e que trabalhou com ele para angariar recursos junto às empresas para sua campanha de reeleição. Nessa fase obteve R$ 12 milhões em recursos. “Metade foi para caixa dois”. O dinheiro, conforme confessou Nadaf, foi direcionado para a campanha ao governo do Estado de 2010. 

“De forma velada foi se iniciando a criação de uma organização criminosa”, ele conta. 

14h09
- Nadaf confessa que cabia a ele lidar com secretarios que não atuavam na organização criminosa. "Enquanto que o governador se limitava a cuidar dos interesses da organização (criminosa)".

"Silvio [Correa] era o braço direito de Silval, ele tinha permissão expressa para autorizar licitações. Era Silvio quem cuidava de todas as finanças do governador: recebimento de propinas, casas de fomento, lavagem de dinheiro..."

"Eu percebia e via essa ascendência dele sobre os secretários adjuntos", relata Nadaf sobre Cordeiro. Questionado se Silvio César Corrêa agia como os olhos de Silval Barbosa dentro do esquema , Nadaf confirma: "Perfeitamente". 

Sobre Marcel de Cursi, Pedro Nadaf conta que o ex-secretário também fazia parte da organização criminosa. "Ele dava o arcabouço de todas as operações. Ele que orientava o governador diretamente sobre tudo que iria guiar a organização criminosa" Segundo o delator, era Cursi quem cuidava de blindar e assegurar a perfeição dos crimes cometidos pela organização. 

Em relação a Karla Cecília, Nadaf conta que ela fazia o trabalho para ele em casas de fomento e notas frias. Em troca recebia propina. "Ela não sabia a origem do dinheiro, mas sabia que era ilícito", afirma. 

Sobre Chico Lima, o ex-secretário relata que ele era responsável por dar os pareceres "favoráveis" ao grupo criminoso. "Porque dentro da Casa Civil tinha uma procuradoria, ele tinha os pareceres do processo normalmente, mas ele tinha uma função específica que era dar os pareceres que houvesse interesse para nossa organização, aquilo que fosse para beneficiar e contribuir o Chico era convocado para dar parecer. O Chico Lima também tinha seus interesses próprios, ele se articulava e fazia seus próprios negócios. Tanto que uma certa vez o governador falava: 'abre o olho com Chico, olha todos os atos do Chico por que se brincar ele vende o Estado', afirma Nadaf. 

14h28 - Nadaf confirma tudo o que o MPE vinha denunciado referente a participação de João Rosa no esquema.Ele conta que Silval Barbosa chegou a ser ameaçado de morte por conta da dívida de campanha de R$ 2 milhões. Por isso pediu com urgência que Pedro Nadaf arranjasse dinheiro com empresários. O ex-secretário, por sua vez, solicitou ajuda a Marcel de Cursi, que arquitetou o esquema de incentivos para João Rosa. A ação também teve a participação de Chico Lima.

14:43 – O valor embolsado ilegalmente por Pedro Nadaf no esquema desbaratado pela Operação Sodoma foi de R$ 1.515.807. Certa feita o grupo descobriu que estava sendo grampeado por conta de uma ação envolvendo a JBS. Quem revelou a informação foi uma fonte da Policia Civil. Nesta época, Silval já dizia saber que seria preso.

14:45 - Em setembro de 2015, Marcel de Cursi mandou uma mensagem via Whattsapp com urgência a Pedro Nadaf por conta de um pedido de prisão expedido na Sefaz. Nadaf conta que esperou os agentes em sua casa na Chapada. "Eu fui levado na hora do almoço"

14h52 - Novamente, Nadaf confirma a acusação do Ministério Público Estadual (MPE) de que Marcel de Cursi era responsável por manipular e planejar os esquemas ilegais da Sodoma. Sobre a ré Karla Cecília, Nadaf confessa: "Eu a induzi a participar destes atos ilicitos". O ex-secretário também conta que antes do governo SIlval "as coisas não funcionavam assim". 

14h57 – Em resposta às perguntas do Ministério Público, Pedro Nadaf conta que foi um funcionário da Secretaria de Fazenda (Sefaz), amigo do ex-secretário Marcel de Cursi, quem o grupo sobre a iminente de alguns membros.

15h01 – Ainda em relação a Chico Lima, Nadaf confirma o pagamento de R$ 500 mil à titulo de propina para ex-procurador. O pagamento fora feito por meio de seis cheques. Conforme narrado pelas testemunhas na última semana.

15h13 - "As propinas caiam diretamente para ele [o governador Silval]" por meio de Silvio César Côrrea Araújo, explica Nadaf. Questionado o porquê de um chefe de gabinete possuir tanta força no esquema e na política, Nadaf diz que "o governador dava essa condição". Ao detalhar ao MPE como era feito o pagamento de propina, Nadaf relata que o dinheiro era pago em cheques pequenos. Segundo ele, a forma de pagamento era mais fácil para "operacionalizar". 

15h38 - Nadaf admite que procurou Paulo Gasparotto para perguntar de João Rosa, que certa feita desapareceu por cerca de 40 dias, fato que preocupou a organização criminosa, principalmente Nadaf e Silval. O MPE segue fazendo perguntas sobre detalhes do esquema. A defesa de Silval Barbosa demonstra-se agitada. Questionado pela juíza Selma Arruda, Nadaf afirma que prefere manter silêncio sobre quem era o agiota a quem Silval Barbosa deiva R$ 2 milhões. "Isto é objeto de outra investigação", avisa o ex-secretário. 

15h42 - Magistrada concede intervalo requerido pela defesa do ex-governador Silval Barbosa

16h05 - Na volta do intervalo, defesa de Marcel de Cursi faz as perguntas. Em respostas as perguntas da defesa, Nadaf diz que Cursi "orientava o governador para algumas situações ilicitas e para empresários"

16h29 - Questionado pela defesa de Cursi, Nadaf torna a admitir que em seu interrogatório anterior estava em posição de defesa e faltou com a verdade. A defesa de Cursi então se levantou e questionou como a magistrada poderá acreditar nas palavras de um réu que admite ter mentido. A juíza Selma Arruda pausa a manifestação e esclarece que crer ou não na confissão de Nadaf é papel dela, do juízo, e não dos advogados de defesa.

16:46 - "Eu não tenho um centavo fora do país", afirma Nadaf à defesa de Silval Barbosa. Questionado se algum membro com prerrogativa de foro participou do esquema criminoso, Nadaf prefere se manter em silêncio.

17h17 - À defesa de Silval, Nadaf explica como João Rosa foi abordado para oferecer a quantia de R$ 2 milhões. Disse que Rosa sabia que teria, posteriormente, cerca de R$ 2,5 milhões em incentivos, somados à uma margem de lucro pela operação. Questionado quando teria Rosa faturado com a transação ele cogita: "Talvez uns dois milhões". Autalmente, João Rosa é tido como vítima do esquema criminoso. O acordo, segundo o réu, foi firmado entre ele e Rosa. Silval não tinha conhecimento dos detalhes desta operação financeira. 

17h22 - À sua defesa, Pedro Nadaf esclarece que se o trâmite "normal" fosse seguido a Tractor Parts [empresa de João Rosa] teria direito aos benefícios do Prodeic.Nadaf diz que João Rosa é uma pessoa "simples e séria" e que talvez tenha acreditado que não conceder os R$ 2 milhões à Silval o dificultasse no futuro. A defesa de Silval insiste, entretanto, que tratava-se de um empresário que sabia bem o que fazia.

17h41 - Audiência encerrada. Defesa de Nadaf solicita liberdade por considerar a ausência de comportamento de risco e interesse em contribuir com a justiça e ressarcir o erário.O MPE, no entanto, considera o pedido inapropriado, uma vez que ele não está preso preventivamente somente por conta da ação penal da Sodoma 1. A juíza concorda com a promotora Ana Cristina e considera que o pedido deva ser feito somente após o interrogatório da Sodoma 2. O que a magistrada propõe é que Nadaf seja o primeiro a ser ouvido na qualidade de réu da Sodoma 2, no fim deste mês.





 
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